No universo da moda, novos termos costumam surgir de tempos em tempos para definir padrões ou para indicar um movimento diferente do que temos acompanhado até então. Algumas dessas expressões são o fast fashion e o genderless, sobre as quais já falamos aqui no blog da Audaces. Agora, um novo conceito vem ganhando força. Você já ouviu falar de Economia Circular?
Esse modelo defende a união de forças em busca do aumento do ciclo de vida das peças de roupa. O objetivo é acabar com a cultura do desperdício. Na prática, a Economia Circular busca tornar a indústria têxtil realmente sustentável e adequada à nova realidade de consumo, muito mais consciente e participativa do que se via no passado.
Onde nasceu e como funciona a Economia Circular
Inicialmente chamado de “circulate fibres initiative”, o conceito nasceu em 2017 no Copenhagen Fashion Summit, considerado um dos principais eventos ligados ao setor da moda do mundo. Seu objetivo é estimular a colaboração entre os gigantes desse ramo em prol de uma indústria têxtil que consiga responder aos desafios do mercado consumidor do século 21.
O projeto, em nível global, é liderado por Ellen MacArthur. Ex-velejadora britânica, ela criou, em 2010, uma fundação de mesmo nome para tratar de soluções alinhadas à economia circular. Seu propósito é oferecer alternativas ao atual modelo de produção de várias áreas, inclusive o setor têxtil. Os pilares do make fashion circular são bastante conhecidos: combate ao desperdício e novas formas de produzir.
No relatório “A new textiles economy: Redesigning fashion’s future” (disponível apenas em inglês), a Ellen MacArthur Foundation defende que a criação de um plano de ação em torno de um novo modelo têxtil pode reverter as perdas de até US$ 500 bilhões que essa indústria apresenta hoje em roupas subutilizadas e falta de reaproveitamento de recursos.
Sumário
De que forma a Economia Circular está transformando a indústria da moda
Há muito tempo, as roupas vêm se tornando artigos descartáveis. Isso porque, muitas vezes, as peças são produzidas sem uma grande preocupação com a qualidade ou com a procedência. Assim, é muito provável que essas peças logo não tenham mais serventia.
O documento divulgado pela Ellen MacArthur Foundation mostra bem como funciona essa realidade. Segundo o relatório, o número médio de vezes que uma roupa é usada hoje antes de ser descartada diminuiu 36% em comparação com a realidade de 15 anos atrás.
E pior: das fibras que sobram do processo produtivo do vestuário, 87% são depositadas em aterros ou incineradas, contribuindo para transformar esse setor em um dos mais poluentes da cadeia produtiva.
Para efeitos de comparação, em 2015, as emissões de gases de efeito estufa oriundos da produção têxtil totalizaram 1,2 bilhão de toneladas. Esse volume é maior do que todas as emissões de gases dos voos internacionais e dos transportes marítimos juntos.
O make circular fashion pretende transformar esse cenário. Segundo a iniciativa, para sobreviver, a indústria da moda precisa redesenhar o seu modelo de operação atual.
Com o respaldo de grandes marcas do setor, governos, ONGs, filantropos e pessoas ligadas ao mundo da inovação, novas soluções que mantenham as roupas em uso por mais tempo vêm sendo pensadas, sempre tendo como base os princípios da economia circular. Alguns dos parceiros que têm trabalhado em conjunto com a Fundação Ellen MacArthur são empresas como Burberry, Gap, H&M, HSBC, Nike e Stella McCartney. O projeto é apoiado ainda pela Fundação C&A e pela Fundação Walmart.
Entre as iniciativas que já começaram a proliferar em diferentes países, destacamos o uso de materiais recicláveis, a transformação de peças usadas em roupas novas ou outros sistemas que tragam benefícios para o meio ambiente, as empresas e a população.
No Brasil, começamos a assistir a um fortalecimento dos brechós, que saem de uma estrutura física e passam a ser virtuais. Grandes sites de revenda como o Troc ou o Enjoei, promovem a negociação de roupas, acessórios e muitos outros produtos usados, fazendo as peças circularem e, consequentemente, prolongando seu ciclo de vida. Normalmente eles funcionam por comissão. Ou seja, cada vez que um modelo é adquirido por alguém, a pessoa que disponibilizou aquela peça recebe um percentual pela venda.
O objetivo de todas essas ações é gerar consciência para um problema que vem se tornando cada vez mais grave, mas que ainda pode ser contornado.
Gostou desse assunto? Acompanhe outras tendências da moda e como as novas tecnologias podem ajudar no processo produtivo da sua empresa conferindo outros conteúdos do nosso blog.
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Excelente!
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