Nem só de beleza vive a inspiração. A dor, o medo e conceitos que não se enquadram nos padrões estéticos do belo também podem ser canais que alimentam a arte e o processo criativo. A artista plástica japonesa, Yayoi Kusama, 84 anos, exemplifica isso. A pintura que propaga seu nome aos quatro cantos do mundo é seu canal de escape e linguagem para os surtos do transtorno obsessivo compulsivo que a acomete desde a infância. Com pinceladas contemporâneas, uma seleção de mais de 100 obras integram a exposição Obsessão Infinita e estão pela primeira vez no Brasil para uma temporada de 10 meses.
Artista japonesa é reconhecida mundialmente por suas pinturas/ Reprodução
Aberta em meados de outubro no Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB), no Rio de Janeiro, a mostra se mantém na programação até janeiro de 2014. De lá, segue para Brasília – de fevereiro a abril – e depois São Paulo, entre os meses de maio e julho. Organizada pelo Malba – Fundación Constantini (Museo de Arte Latinoamericano de Buenos Aires), na estreita parceria com o estúdio da artista, a exposição de caráter itinerante foi lançada na capital argentina em junho último e seduz pela explosão de cores nos padrões repetidos à exaustão.
A curadoria está a cargo de Philip Larratt-Smith (vice-curador do Malba) e Frances Morris (responsável pela retrospectiva realizada em 2012 no museu britânico Tate Modern) e recupera a trajetória de Yayoi Kusama. Do âmbito privado à esfera pública, a seleção prioriza criações que datam do período entre 1950 e 2013. São pinturas, trabalhos em papel, esculturas e instalações somados a vídeos documentários e slideshows que evidenciam a originalidade pictórica – obsessivamente – cheia de ritmo.
Obras da artista plástica Yayoi/ Reprodução
Por vontade própria, a artista vive em uma clínica psiquiátrica de Tokyo desde 1973, onde sente-se confortável para desenvolver seus trabalhos de pintura e literatura. Antes dessa decisão lúcida, a enfermidade diagnosticada aos 10 anos não impôs limites para experimentações artísticas em Nova Iorque. No final dos anos 50, Yayoi Kusama mergulhou na contracultura americana e desfrutou da companhia de nomes como Andy Warhol, Claes Oldenburg, Joseph Cornell e Donald Judd.
Filme sobre a artista plástica e sua obra:
Por Raquel Medeiros
Jornalista pela UFPB, coolhunter e editora do site Nas Entrelinhas
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