Um dos principais desafios (quiçá, o principal) das marcas na contemporaneidade, sobretudo, as de moda, é obter notoriedade, assegurar lembrança, configurar e/ou alterar percepções, reforçar atitudes e criar afinidades com os clientes. Tais objetivos a marca alcança através do emprego eficaz do composto de comunicação de marketing, que implica a adoção combinada de ações de publicidade e propaganda, relações públicas e jornalismo.
Teorias e controvérsias a parte, a publicidade tende a ser vista como uma das ferramentas mais importantes desse mix promocional. Dentre várias razões, pelo seu alcance e abrangência – isto é, pelo fato de poder ser vista por muitas pessoas, que estão em lugares distintos, e simultaneamente –, por sua potencialidade na criação de imagem da marca e apelos simbólicos e criativos à marca, pela capacidade de capturar imediatamente a atenção do consumidor.
Não há como negar: a publicidade desempenha um papel essencial na criação e implementação da identidade e construção do valor da marca, pois é reconhecidamente um meio privilegiado para criar associações à mesma. Além disso, destaca-se sua função de estimular as vendas.
É, certamente, por esses motivos, que as campanhas e peças promocionais desenvolvidas por empresas da cadeia produtiva de moda, se apresentam cada vez mais incisivas e se encarregam de produzir imagens-textos que encantem, emocionem e seduzam o consumidor. Campanhas que se incumbem de potenciar uma forte e distintiva imagem de marca.
Uma vez que a imagem – enquanto representação, figuração, reprodução – é, por excelência, a matéria primeira da publicidade e da moda, produtores e fotógrafos, publicitários e designers gráficos (e demais profissionais envolvidos na produção de moda) têm se mostrado bastante preocupados (e hábeis) em produzir construções imagéticas que conjuguem harmoniosamente conceito, produto, identidade e imagem.
A publicidade ajuda na construção de valor de marca e implementação de identidade/ Reprodução
O trabalho do fotógrafo espanhol Eugenio Recuenco ilustra tal questão. Considerado um dos melhores fotógrafos de moda da atualidade, e requisitado para produzir imagens para as campanhas de algumas das mais renomadas marcas do mundo da moda (notadamente, da alta-costura), Recuenco possui um estilo bastante peculiar – sem negligenciar a função comercial, sua produção se localiza entre o cinematográfico e o pictórico.
Altamente criativo, tecnicamente irrepreensível e visualmente arrebatador, seu trabalho dialoga, destaca e dá sentido à criação de estilistas e designers. Impossível ficar imune aos apelos de sua linguagem. Emoções e sensações, inevitavelmente, irrompem quando nos colocamos diante de suas impactantes composições-cenários imagéticos.
As lentes de Recuenco registraram fotos para campanhas publicitárias de marcas como Channel, Vuitton, Carolina Herrera, Ninna Ricci e outras. As campanhas, esteticamente impecáveis, muitas vezes, possuem linguagem complexa e são, frequentemente, difíceis de adjetivar. Mas de modo contundente, são também capazes de converter-desvelar-conceber produtos como objetos de desejo – o que, precisamente, deve fazer uma campanha de publicidade de moda. Trabalho de equipe virtuoso, que pode ser dado como referência (e inspiração) para empresas do segmento de moda.
Por Clícia Ferreira Machado
Consultora da Federação das Indústrias de MG