Por Greice Verrone
Designer de Moda
Os primórdios de uma moda sem gênero são antigos. Nos anos 1920, a estilista Coco Chanel foi uma das primeiras a observar a inclinação das mulheres para vestir a roupa que era desenhada apenas para os maridos delas. O feminismo ganhava fôlego e o guarda-roupa dos homens inspirava mais conforto, igualdade entre os gêneros e uma pitada de rebeldia.
A atriz Marlene Dietrich ficou famosa por incentivar o uso de calças compridas, ao brincar com a androginia e espalhar a tendência boyfriend, boyish ou tomboy, nomes usados para denominar o estilo das mulheres que se influenciavam pelo guarda-roupa, em princípio, masculino.
Entre os homens, David Bowie hipnotizou a todos durante os anos 1970 com seu personagem Ziggy Stardust, caracterizado por roupas justíssimas e multicoloridas, além de seus cabelos impecáveis e da maquiagem caprichada. No Brasil, Ney Matogrosso, à frente do Secos e Molhados, foi um dos primeiros e mais simbólicos reflexos do quanto a estética glam – definida por uma ousada androginia e ambivalência na escolha das roupas e acessórios – influenciou o que hoje conhecemos como um estilo de moda sem gênero.
Nos últimos desfiles de Giorgio Armani, Gucci e Prada viu-se homens e mulheres vestidos de forma bem semelhante. Com a moda sem gênero, num futuro bem próximo as pessoas não precisarão procurar peças nas sessões do sexo oposto, já que existirão roupas sem conceitos de gêneros, sem limitações ou estereótipos.
Mesmo assim, vale lembrar que a modelagem é diferenciada, especialmente nos ombros, nas cavas, na cintura e no comprimento, pois a peça será usada tanto na versão feminina quanto na masculina.
Leia mais:
Androginia: A história da percepção do masculino e feminino (Parte I)
Androginia: A história da percepção do masculino e feminino (Parte II)