Segundo os teóricos de comunicação, a roupa pode ser tratada simplesmente como um signo, ou seja, um instrumento de comunicação. Demonstrando o mais básico dos esquemas de comunicação dizemos que, para haver comunicação é necessário ter apenas:
Canal de comunicação/ Reprodução
E é na função de mensagem que colocamos a roupa neste sistema. O emissor seria o indivíduo que veste a roupa, e o receptor qualquer ser humano que possa traduzir esta mensagem em significado. O que não podemos esquecer, é do conhecimento prévio e mútuo de uma mesma linguagem entre o emissor e o receptor, para que haja efetivamente a comunicação.
Com base neste conceito podemos afirmar que a roupa distingue e comunica determinados conjuntos de pessoas ou grupos sociais, por identificar, por si só, produtos da consciência, a partir de estímulos emitidos pelos objetos do mundo, neste caso, a roupa.
Nós poderíamos a partir desta explanação enumerar todas as mensagens que a roupa pode nos proporcionar… Classe social, faixa etária, humor, grupo étnico, sexo, religião, posição política, profissão, personalidade, estilo de vida, características: despojamento, elegância, formalidade, vaidade; esportes: tênis, esgrima, mergulho; acontecimentos: casamento, formatura, carnaval; sentimentos: alegria, tristeza, revolta; comportamentos: reprimido, careta, irreverente: E chegaríamos a conclusão que são infinitas, como são infinitas as maneiras de nos comunicarmos.
Falando especificamente do mundo fashion, para a maioria das pessoas a grande fonte de informação de moda são os desfiles. Mas na verdade, hoje em dia as tendências de moda surgem nas ruas. Com a velocidade dos tempos e com a nova dinâmica de consumo imposta por esta mesma velocidade apenas poucas pessoas ou grupos conseguem detectar as tendências antes que sejam massificadas e tornem-se moda.
Ao detectarem as possibilidades de atender aos desejos ou de refletir o que movimenta sutilmente a coletividade, essas poucas pessoas ou grupos – apelidados de trendhunters – fazem traduções de fácil assimilação e, apresentam diretrizes que se tornam novas aos olhos menos atentos. Assim a passarela já traz isso tudo de maneira objetiva e resumida e, muitas vezes, confunde-se o produto ali apresentado com a fonte original.
Por Maria Alice Rocha
Doutora (Phd) em Design de Moda