Formar futuros profissionais da moda não envolve apenas o desenvolvimento de competências técnicas, como o saber e fazer desenhar, modelar ou criar. É preciso prepará-los para uma nova realidade de mercado, isto é, aquele antigo modelo empregador, pautado na carteira registrada, tem dado lugar a uma nova situação: o empreendedorismo.
Flexibilidade na gestão, respostas rápidas às demandas de mercado, ausência de chefias e possibilidades de ganhos financeiros, estão entre os atrativos do modelo e vão ao encontro da juventude sedenta por novos desafios e conquistas diárias.
Esses jovens já carregam consigo o chamado ímpeto empreendedor. Idalberto Chiavenato define em seu livro Empreendedorismo – dando asas ao Espírito Empreendedor que “o espírito empreendedor envolve emoção, paixão, impulso, inovação, risco e intuição. Mas deve também reservar um amplo espaço para a racionalidade”.
Essa racionalidade deve ser instrumentalizada pelos educadores e escolas de moda. Disciplinas que desenvolvam as competências – de marketing, vendas, gestão empresarial, financeira, produtiva e estratégica – devem ser obrigatórias na grade de quaisquer cursos profissionalizantes de moda.
O mercado não precisa de mais “louco-criativos”, mas de gente capaz de apoderar-se de ferramentas técnico-administrativas e converter matéria-prima em produtos desejáveis pelo público-alvo. Essas competências devem ser exploradas pelo viés da prática e da teoria, sempre pautadas com exemplos específicos da moda e empreendedorismo. Vamos ver?
As t-shirts conquistaram espaço no mundo da moda/ Reprodução
As t-shirts (ou simplesmente tees) ganharam espaço definitivo no guarda-roupa jovem. São de fácil conservação, baratas e compõem vários looks. Nessa estação, em especial, vemos uma ênfase maior das tees nas coleções vigentes.
Algumas empresas que comercializam máquinas semiautomáticas de estamparia doméstica (de baixo custo e fácil operacionalização), têm estimulado o surgimento de diversas marcas no mesmo estilo das famosas Chico Rei, Camiseteria ou Banca de Camisetas. Moda e empreendedorismo caminham em uma mesma direção.
Quem são essas marcas? Quais seus canais de distribuição? E-commerce? Por que os clientes participam do processo criativo? Por que crescem tanto? Por que são boas e não caras?
Várias reflexões e aprendizados podem sair desse case, encorajando e direcionando esses futuros empreendedores para suas próprias jornadas.
Consciente da importância desse novo perfil profissional e buscando ferramentas para esse fim, o Senac São Paulo mantém há seis anos o concurso Empreenda! Trata-se de uma competição de empreendedorismo e inovação voltada para os alunos da rede.
Os inscritos, em categorias, por meio de suas ideias inovadoras de negócios, participam de um processo de avaliação e desenvolvimento de um Plano de Negócios. O Empreenda! tem por objetivo formar uma cultura de moda e empreendedorismo entre os alunos da escola, estimulando a difusão e aplicação dos conceitos de empreendedorismo na moda de forma prática.
Por Eduardo Vilas Bôas
Professor de Moda do Senac SP