Apesar de ter se transformado numa potência econômica, percebo que, de modo geral, a moda se mantém projetada para outras áreas que, incontestavelmente, fazem parte da sua trama – isto é, são garantia de sua subsistência.
As aproximações entre moda e cinema, as artes plásticas, a fotografia,, a literatura e a arquitetura, comprovam tal afirmativa. Para além da (recíproco) referência estética da moda, o universo fashion se conecta a tais áreas de modo dependente, porque estas são suas referências visuais determinantes (quiçá, sem antecessores ou sucessores) e constituem, efetiva e reincidentemente, um repertório capital para a criação de moda.
Moda e cinema, por exemplo, têm uma antiga história de inspiração mútua. A moda está presente no cinema por meio do figurino (que é premiado no Oscar desde 1948) e o cinema funciona como poderoso veículo de comunicação, de criação e divulgação (reverberação) de tendências de moda. Não é de hoje que as referências estéticas da moda das divas e dos galãs de cinema alimenta os sonhos, os modos de vestir e agir dos espectadores.
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A dupla jeans surrado e jaqueta de couro, usada por James Jean em Juventude Transviada (1955) e a camiseta branca de Marlon Brando, em Um Bonde chamado Desejo (1951), lançaram moda (e iconizaram a dupla jeans e camiseta), associando juventude à rebeldia. A calça cigarrete com blusa de gola rolê e sapatilha bailarina se transformaram em sinônimos de jovialidade e elegância depois de imortalizados por Audrey Hepburn em Bonequinha de Luxo (1961).
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Já a ingenuidade sexy de Marilyn Monroe realçada no vestido branco plissado com decote generoso (que deixava à mostra os seios fartos), em O Pecado Mora ao Lado (1955), certamente trouxe referências estéticas da moda e estimulou o imaginário fashion de homens e mulheres, ditando comportamentos.
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Os óculos de “gatinha” (que voltam a marcar presença nos recentes editoriais de moda), que viraram “febre” depois de ser usado (aliás, isso aconteceu antes mesmo do filme estrear nas telas do cinema) como acessório pela bela e carismática Olívia Newton-Jhon (e companhia), em Grease – Nos Tempos da Brilhantina (1978).
Esses e muitos outros filmes inspiraram coleções de moda. Bem, continuamos essa conversa sobre moda e cinema no próximo post.
Por Clícia Machado
Consultora da Federação das Indústrias de Minas Gerais