Segundo a CNTL, Centro Nacional de Tecnologias Limpas, a maioria das empresas nacionais de confecção (80%) são de micro, pequeno e médio portes, e, muitas vezes, o maior fator de competitividade está na redução dos custos operacionais (CNTL, 2006).
O processo de Produção Mais Limpa (PML) é uma ferramenta para trazer benefícios de eficiência global do processo produtivo, e elencam os seguintes fatores como os de vital importância.
- A eliminação ou minimização de matérias-primas, e nesse caso implantação de novas tecnologia para otimizar o corte dos tecidos, e outros insumos que possam impactar o meio ambiente;
- A redução dos resíduos e emissões, eliminação de desperdícios, aumento da produtividade, minimização dos passivos ambientais e incremento na saúde e segurança no trabalho;
- A contribuição para conscientização ambiental dos funcionários, melhoria da imagem da empresa e redução de gastos com multas e outras penalidades;
- A melhora da imagem da empresa diante funcionários, fornecedores, consumidores e o poder público.
O foco principal deste artigo se detém no fator que discorre sobre a eliminação e/ou minimização do uso de matérias-primas. Visto que é o fator que impacta não só no ambiente, mas também diretamente nos custos da empresa, o que poderá deixar o empresariado um pouco mais consciente.
Quando falamos em modelagem, podemos elencar as novas formas de modelagem, dentre elas os processos de “zero waste”, modelagem por subtração, ecodesign, entre outros que fazem com que os produtos apresentem um melhor desempenho durante todas as fases de seu desenvolvimento, incluindo o encaixe, favorecendo o risco e fazendo um corte mais enxuto.
A modelagem “zero waste”, ou seja, zero resíduos, ou tendendo a zero resíduos, é a modelagem pensada para não sobrar partes de tecido no encaixe que não seja aproveitada na peça, assim, cada espaço do encaixe é uma parte da peça que será usada na montagem da mesma. Assim, o encaixe e risco tendem ou são iguais a zero.
Modelagem por subtração é a forma de pensar o produto retirando apenas pequenas partes do tecido, através de bases de modelagem, e cada parte resultante da subtração é costurada a uma outra criando volumes muito interessantes. É um processo que os resíduos são muito minimizados e ainda podem ser utilizados como detalhes nas peças, como bolsos e lapelas.
E o ecodesign é o pensamento global no desenvolvimento do produto, não como geralmente é desenvolvido, de forma linear, mas circular, considerando todo seu ciclo de vida e, para isso, deve ser pensado nos impactos ambientais em todos os processos: materiais, durabilidade, estilo, cor, forma, processos produtivos, pós produção e comercialização; incluindo ainda a forma de que esse produto vai voltar ao ciclo no retorno a produção, quando ele viraria lixo. É uma forma interessante de pensar o produto, visto que neste momento de concepção seu custo ainda é zero e pode ter ajustes de processo sem prejuízos.
As formas descritas acima são formas de interferir no design do produto tornando-o mais sustentável. Mas precisamos evidenciar o uso de CADs especializados para redução de tempo, desperdício de matéria prima e melhoria na qualidade do produto, como os CAD Audaces.
A começar pela modelagem, o Audaces Moldes, dinamiza a produção dos moldes, evitando o uso de papel. Através do Audaces 4D, pode-se fazer uma prova virtual do modelo para possíveis ajustes sem a necessidade de fazer excessivas peças-piloto, evita desperdício de tempo de produção, excesso de material e descartes.
Após a aprovação da modelagem, o Audaces Encaixe, tem vital importância, por ampliar a visualização do encaixe, anteriormente manual, com reduzida visão, baixa proximidade entre partes do molde, probabilidade de encaixe fora do fio reto, além de desperdícios de matéria-prima, gera problemas de vestibilidade na peça.
O processo que é muito mais vantajoso que o manual, ainda apresenta melhoria com o Audaces Supera, proporcionando melhorias de, em média, 3% em relação ao anterior.
E para finalizar, o Audaces Neocut, processa o corte sem a necessidade de risco em papel, as partes dos moldes podem estar justapostas e o corte é extremamente preciso, evitando descartes e retrabalho por causa de movimentação de enfesto, corte impreciso manual, entre outros.
As possibilidades para se pensar em um produto mais sustentável são inúmeras, porém, muitas delas exigem um dispêndio de verbas que as empresas de micro e pequeno portes não absorvem. O que não impede, de se organizarem, se juntarem e através de cooperativas e associações, fazer um alto investimento em prol de melhorias para o núcleo como um todo.
Portanto, todos os esforços para sustentabilidade devem ser pensados e repensados na indústria de moda, visto que é uma das indústrias que mais poluem, desperdiçam e geram resíduos!
Sobre a colunista
Ana Luiza Olivete é designer de moda, consultora empresarial e professora.
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