Por Julia Picoli
Docente no curso de Moda da Feevale e consultora de produto de Moda*
Ultimamente tenho pesquisado muito sobre consumo, comportamento de compra e os jovens. Neste post e no próximo vou explicar um pouco a evolução do papel dos jovens ao longo da história da moda.
A compreensão da juventude como sujeito, a história tem comprovado, nos leva a reconhecer sua importância como agente ativo de mudanças sociais ou de inovações nos hábitos, nos valores culturais e na moda. Esta característica é inerente à própria natureza do comportamento juvenil, que geralmente é menos resistente, possui mente aberta às coisas novas, disponibilidade e a coragem para vivenciá-las.
Foto: UseFashion
As subculturas, antes chamada de cultura de rua, são geralmente definidas como subgrupos com estruturas sociais identificáveis, formas características de expressão simbólica, rituais próprios e conjuntos específicos de valores e crenças compartilhados. Os jovens apropriam-se de estilos existentes e combinando-os de novas maneiras, misturam objetos, vestuário e penteados de forma a definir uma identidade que evidencie suas experiências pessoais e a situação de um grupo em particular, geralmente agrupados por suas ideias e seu gosto musical.
A partir de então, a apropriação das manifestações estéticas juvenis tornam-se corrente e a assiste-se à difusão desses símbolos pela indústria da moda. Na passagem da década de 50 para a de 60 surgiu outro conceito para caracterizar manifestações de grupos juvenis, a ideia de “tribo”. As tribos são o agrupamento de jovens contemporâneos com estilos próprios e difundidos através da indústria cultural.
Foto: UseFashion
Algumas dessas tribos foram rotuladas a partir das suas atitudes transgressoras, mas por isso ganharam visibilidade no cenário urbano, seja pela sua aparência ou pela grande preocupação com a autoimagem e a diferenciação em relação à sociedade em geral. As tribos são grupos de indivíduos que partilham os mesmos ideais e gostos, mas que se diferenciam do resto da população.
O conceito de subcultura sofreu profundas mudanças ao ponto de, presentemente, se utilizar a designação de tribos, em vez de subculturas. “Subculturas no passado eram definidas em oposição à cultura dominante” e que esta definição foi entendida “como uma ameaça à independência, à espontaneidade e à originalidade das formas subculturais”. A publicidade acabou por se apropriar da linguagem da subcultura, e o jornalismo, com a sua prática de rotular e bloquear as novas realidades através de definições muitas vezes negativas, renegou as formas de manifestação da subcultura.
No entanto, se os reflexos das subculturas não eram mais do que novas formas de comunicação, a sua apropriação pela publicidade e a sua condenação pelos media provocou que o negativo assumisse visibilidade mundial. Interessante, né? No próximo post falarei um pouco mais sobre as tribos e como a denominação mudou para grupos sociais.