Estilo, personalidade, são adjetivos que comumente se utiliza para dizer que alguém está na moda, ou que segue padrões desejáveis pela moda. É comum ouvirmos: “Fulana tem estilo!”, “ a atriz tal tem muita personalidade.”, sempre se referindo a uma postura externa, a um simples modo de combinar suas roupas, quando na verdade estilo e personalidade é bem mais que isso.
Para a psicologia, é fato que todas as pessoas possuem uma personalidade, ao contrário do que se prega no senso comum, que associa personalidade à uma atitude mais extrovertida. Ao se elaborar perfis de público-alvo para os projetos de moda, é comum o erro recorrente dos alunos e às vezes até de profissionais de mercado, de descrições do tipo: “jovem, descolada, de personalidade forte e estilosa”. Tais atributos são completamente inapropriados se levarmos em consideração o fato de que são vagos e subjetivos, além de que um perfil deve ser mais flexível, já que as pessoas estão mais fluídas em suas atitudes, ações e pensamentos.
Nos dias atuais as pessoas mudam com facilidade de roupa e a imagem que querem passar/ Reprodução
As tribos urbanas provam que houve um tempo em que se conseguia enquadrar públicos em categorias distintas. Se você era hippie ou punk, por exemplo, tinha um estilo de vida guiado por ideologias, ações e às vezes idolatrias a ídolos. Hoje, se você entrevista um suposto membro de uma tribo destas ao acaso, percebe que já não há a ideologia e que a sua posição é transitória, tão logo arranje um novo amor, um novo emprego ou um novo local para viver, tudo pode mudar.
As tribos como formadoras e aglutinadoras de pessoas com mesmos ideais, mesmos pensamentos, mesmos ídolos, são coisa do passado. Hoje o que existe são consumidores em busca de um ideal de consumo, que são determinados por seu estilo de vida, seu modo de pensar, suas interações sociais e culturais e em constante mudança.
Portanto, antes de generalizar a descrição de uma pessoa ou de um público-alvo para um projeto, para seus colegas ou professores, pare e pense se de fato as pessoas são tão iguais ou apenas se só existe um determinado tipo de pessoa para consumir produtos de moda. Isso pode fazer toda a diferença na criação de seus projetos e na aceitação de mercado.
Por Gabriela Maroja
Professora e Coordenadora da Graduação e Pós-Graduação em Moda no Unipê/JP
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