Paula Guimarães, modelista, professora do Senai e colunista da Audaces.
Atuando há mais de dez anos com modelagem, apesar de bastante jovem, Paula Guimarães compartilha sua experiência ministrando aulas no Senai, de Londrina, há oito anos. Formada em Estilismo e Moda pela Universidade Estadual de Londrina (UEL), onde teve seu primeiro contato com o sistema Audaces. Durante a disciplina de estágio-obrigatório, no quarto ano do curso, atuou em uma empresa que não tinha Audaces e teve que fazer a modelagem manualmente, o que fez ela perceber a necessidade de se ter um conhecimento prévio e entender o sistema como uma ferramenta. Aprendizado que compartilha até hoje com seus alunos.
Como você percebe a transição do processo de modelagem manual para o automático utilizando o Audaces?
O processo manual é mais trabalhoso, mas importante para quem está começando para entender o processo real e ter a dimensão das peças. O software é uma ferramenta necessária para agilizar o processo. Não tem comparação. Por exemplo, no processo manual leva um dia inteiro para fazer três camisas e com o Audaces em uma ou duas horas, no máximo, está tudo pronto.
Como você percebe a profissão de modelista na realidade atual?
O profissional que trabalha com modelagem ainda não é valorizado. Não existe uma padronização de valores a serem cobrados e cada um faz o seu preço, nem sempre com um resultado de qualidade, o que impacta na peça final. O mercado para modelista em Londrina ainda é limitado, porque são empresas pequenas onde tem apenas um modelista, muitas vezes com um baixo salário, ou são profissionais terceirizados. Outro dia mesmo li um artigo que falava sobre a prostituição do mercado, pois cada profissional faz o preço que quiser. Acredito que deveria ter um valor mínimo a ser cobrado por modelagem para haver uma valorização deste profissional no mercado.
Você possui alunos com diferentes faixas etárias. Como você caracteriza estes perfis?
Os alunos mais velhos geralmente são mais experientes, muitas vezes já trabalharam com costura, guardam o molde e utilizam para estudo. Estes têm um perfil prático, muitos já tem um objetivo com o curso. Os mais jovens tem mais facilidade para absorver a teoria, mas só alguns realmente se dedicam e fazem com vontade. Eles têm muita preguiça e às vezes tem que cobrar como uma mãe, talvez pela imaturidade deles. A maioria dos alunos são de Londrina mesmo, com idade a partir de 16 anos, sem limite de idade final.
Sua formação e atuação são em Londrina, no interior do Paraná. Como é a realidade regional para o mercado da indústria da Moda e como os recém-formados podem ingressar neste mercado?
O mercado na região de Londrina cresceu muito, mas com a crise de 2008 deu uma estagnada e houve a diminuição da produção. Algumas marcas investiram em produtos bons, duráveis, coleções gigantes e para compensar o investimento tiveram que elevar os preços do produto final. Acredito que ainda há mercado para os jovens se inserirem e muitas empresas utilizam Audaces, o que já é um ganho para quem sai do Senai pronto para utilizar a ferramenta.
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