Quase todo produto, no século XXI, é concebido para ter valor de moda, ou seja, terá um tempo de vida ou um ciclo e tenderá a ser substituído por outro, seja porque não pode mais ser usado, seja por ter se tornado “fora de moda”. Em outras palavras, o sistema da moda se sustenta no estímulo ao consumo combinado com a obsolescência programada.
Para nos auxiliar, apresentamos a seguir um gráfico de Kaiser (1985), no qual se pode observar todas as etapas do ciclo de vida dos produtos. A representação do gráfico é disposta como uma curva de distribuição normal, para que se possa reforçar a ideia de ocorrência natural. Vale lembrar que na Estatística, a curva normal tem o seu valor de máxima frequência (moda) coincidente com o valor da média e da mediana.
Ciclo de Vida dos produtos / Reprodução
Observando a curva do clico de vida dos produtos e não esquecendo que o eixo da abscissa (x) é o tempo e o da coordenada (y) é o número do adotadores (usuários), temos que qualquer produto passa por pelo menos três estágios: o estágio “Inicial”, quando ele está sendo introduzido no mercado e se caracteriza pelas etapas de Inovação (1) e Ascensão (2); passa pelo estágio de “Aceitação”, composto pelas etapas de Aceleração (3) e Aceitação (4), quando o produto se consolida no mercado; e termina no estágio de “Regressão”, caracterizado pelas etapas de Declínio (5) e de Obsolescência (6), saindo do mercado.
Mas, com a inserção do significado de moda, a vida útil de um produto se tornou mais vinculada às escolhas do consumidor do que aos processos de design e produção. Ou seja, o consumidor passou a ter uma imensa responsabilidade não somente nas escolhas do que consumir, mas também na frequência do intervalo de quando consumir.
Em outras palavras, cabe ao consumidor o gerenciamento da obsolescência, seja ela motivada pela degradação do produto, pela prescrição tecnológica ou ainda pela caducidade cultural ou estética (MANZINI E VEZZOLI, 2002; KAZAZIAN, 2005).
De acordo com Svendsen (2010), a maioria dos teóricos enfatizam que a moda é uma sucessão constante de objetos “novos” substituindo aqueles que foram “novos” mas que agora se tornaram “velhos”.
Por Maria Alice Rocha
Doutora (PhD) em Design de Moda
Fontes:
KAISER, S. B. (1985) The Social Psychology of Clothing. New York and London: Macmillan Publishing Company
KAZAZIAN, T. (org.). Haverá a idade das coisas leves: design e desenvolvimento sustentável. São Paulo: Editora Senac São Paulo, 2005.
MANZINI, E.; VEZZOLLI, C. O desenvolvimento de produtos sustentáveis: os requisitos ambientais dos produtos industriais. São Paulo: Edusp, 2002.
SVENDSEN, L. Moda: uma filosofia. Rio de Janeiro: Zahar, 2010.