Por Eduardo Vilas Bôas
Professor de Moda do Senac SP
No período em que o “cinema” nasce através do cinematógrafo dos irmãos Lumière, o mundo passava por uma forte revolução tecnológica ainda em decorrência da Primeira Revolução Industrial. A primeira Exposição Mundial, realizada no Palácio de Cristal, em Hyde Park, Londres, em 1851, é uma evidência do turbilhão científico e tecnológico que o mundo estava vivenciando.
Tais eventos influenciaram o desenvolvimento de vários aspectos da sociedade, incluindo a arte e a educação de design, o comércio e relações internacionais e até o turismo. Ocorre também nesse momento a virada do século que trouxe muitas mudanças e expectativas com a nova era que se iniciava, transformando os costumes dos cidadãos, como a descoberta da aviação e a arte de Picasso na Bélle Époque.
Cinematógrafo dos irmãos Lumière/ Reprodução
Por refletir com mais fidelidade do que a fotografia e a pintura a realidade, o cinema ganhou a capacidade de afetar o imaginário coletivo. Além de entreter, passou a ser usado para educar e/ou doutrinar, tornando-se um método eficaz de influenciar os cidadãos. Por ser um recurso visual e de fácil assimilação e interesse, o cinema ganhou apelo universal, uma vez que as barreiras idiomáticas podem ser superadas pela dublagem ou legenda.
“A experiência humana é permeada por práticas simbólicas que dotam a vida de sentido e que permitem a mediação entre planos diferenciados da existência, articulando o visível e o invisível, o dito e o não-dito, o presente e o ausente, o espaço da concretude e o imaginário” (SILVA, Veruska Anacirema Santos da. p.128)
Essa afirmação de SILVA resume o propósito pelo qual o cinema e a televisão despertam tanto interesse nos indivíduos em todas as classes sociais. Buscamos sentido em nossas vidas através – também – das práticas audiovisuais como uma ponte entre o real e o surreal e, assim, podemos sonhar e viver.
O cinema e a televisão ainda têm contribuído na construção de uma memória coletiva, na valorização e difusão das obras literárias, na disseminação de costumes, modas e padrões estéticos, na conscientização e educação sobre diversos temas, seja através de campanhas ou pela discussão de assuntos nas tramas, ou como ótimas lições de gestão, administrativas e de postura profissional e pessoal para o ambiente corporativo.
A possibilidade ficcional das narrativas cinematográficas ou televisivas possibilitou dar características de veracidade para muitas histórias e, com isso, conquistar mais adeptos e desejos de que aquele universo – tecnicamente – tão real pudesse em algum lugar no tempo ou no espaço tornar-se (ou ter sido) realidade.
A internet revoluciona a comunicação da forma que era feita até então/ Reprodução
No contexto da Era WEB 2.0 encontramos na internet novos vetores da comunicação audiovisual, tais como Youtube, Google Vídeos ou Vimeo. Ferramentas que tem despertado a atenção do mercado publicitário por serem canais mais customizáveis, de ampla cobertura e com custos de veiculação mais acessíveis que a mídia de massa ou o próprio cinema.
Com isso temos visto no próprio meio publicitário uma crescente procura pelo efeito viral que os vídeos online têm proporcionado. Ser mais assertivo no direcionamento do publico alvo, ter menores gastos, ter maior tempo útil para veiculação de um conceito, possibilitar a integração full time e o compartilhamento pelos clientes são algumas das vantagens que tem subtraído verbas publicitárias de grandes eventos de moda e dos veículos mais tradicionais de publicidade e propaganda. Estamos na Era da Transmídia, conceito que vamos abordar no próximo post.
Fonte
SILVA, Veruska Anacirema Santos da. Revista Baleia na Rede. Cinema como semióforo e suas contribuições de memórias sociais. Vol. 1, nº 5, Ano V, Nov/2008. Acesso em 18/11/2013