Em recente palestra para um curso de moda em João Pessoa, o estilista brasileiro Mário Queiroz fez observações importantes sobre o que se espera de um estudante e a qual a função do designer de moda.
O primeiro ponto abordado por ele foi a preocupação em explicar que hoje não existe mais a figura do estilista que tem inspirações divinas. O designer de moda, mais do que um estilista, é um profissional completo que leva em consideração as verdadeiras necessidades do consumidor ainda associando criatividade e preservando a identidade de sua marca.
A função do designer de moda, assim como qualquer outro estilista, é criar seus produtos a partir de requisitos projetuais, mesmo que com uma velocidade maior que em outras áreas do design. Mário ainda ressaltou que o conhecimento profundo é fundamental para os estudantes de moda.
O designer de moda cria peças criativas que atendam a necessidade do público-alvo/ Reprodução
Em um segundo momento, o palestrante criticou os blogs de moda sem conteúdo, alimentados apenas com looks do dia. Muitas vezes estes sites são alimentados por pessoas despreparadas para escrever e fazer uma crítica de moda coerente.
Para Mário, isso acontece por causa da falta de conhecimento teórico e técnico sobre o processo produtivo e criativo de moda. Segundo ele, “é impossível ser um profissional da moda e não ter um bom conhecimento sobre tecidos, modelagem e processo de criação”.
O Catálogo Nacional de Cursos Superiores de Tecnologia do MEC aponta a função do designer de moda: “O Tecnólogo em Design de Moda elabora e gerencia projetos para a indústria de confecção do vestuário, considerando fatores estéticos, simbólicos, ergonômicos e produtivos; A pesquisa de tendências de comportamento, cores, formas, texturas e acabamentos; o estilismo em moda; o desenvolvimento de produtos de moda, aplicando visão histórica, sociológica e prospectiva; a elaboração de portfólios e dossiês; a representação gráfica de suas criações; a elaboração de protótipos e modelos, além da análise de viabilidade técnica do projeto”.
Portanto, a reflexão sobre o nível de adequação dos cursos superiores e técnicos de moda do país se faz necessária. Como estão sendo preparados estes profissionais para o mercado, que está em constante transformação? Será que as questões relativas ao lado menos “glamouroso” estão sendo contempladas?
Por Gabriela Maroja
Professora e Coordenadora em Moda do Unipê/JP