Por Eduardo Vilas Bôas
Professor de Moda do Senac SP
Muito se mistifica o processo criativo. Recentemente, por exemplo, ouvi de um famoso arquiteto numa convenção nacional que a criatividade vem da região abdominal (pasmem!). Na verdade muitos atribuem nomes e formas – peculiares, na maioria das vezes – a processos mentais que acontecem de forma muito homogênea e fisiológica na maioria dos indivíduos.
Ser criativo, logo, não é um dom e nem é exclusividade de alguma profissão. Para um processo criativo focado na inovação ocorrer é necessário estar atento a um modo novo de olhar para as coisas habituais, ao entendimento das pessoas e seus comportamentos e ter um real desejo empreendedor de assumir riscos.
Graham Wallas (1858-1932) foi um psicólogo social inglês e cofundador da Escola de Economia de Londres. No livro “Arte do Pensamento – O Modelo da Criatividade”, escrito em 1926, ele desenvolve um modelo que busca explicar e sistematizar o processo criativo, dividido em quatro fases: preparação, incubação, iluminação e implementação.
1. Preparação: A preparação é indireta e se dá quando buscamos informações sobre tudo o que possa colaborar com a solução de um problema, mesmo que à primeira vista não tenha a ver com o problema. De maneira caótica ou irregular, a acumulação indireta vai aquecendo as baterias mentais. Por isso é sempre importante se informar, visitar, experimentar e sentir tudo aquilo que envolve o tema ou problemática.
2. Encubação: Nesta fase do processo a pessoa desliga-se do problema, deixa-o de lado por um tempo, mas mantém-se alerta, pois o problema ainda não foi resolvido. Acontece, então, que o inconsciente liberto do consciente procura fazer diversas conexões que são a essência da criação. Aqui todos os referenciais pessoais que estão arquivados na memória serão vasculhados, já que ao longo da vida criamos um vasto repertório e, quanto maior e mais diversificado for o seu, melhor. Por isso conheça outras línguas, outras culturas, leia bastante e sempre esteja ligado com o que acontece no mundo. Busque referências culturais e visuais como cinema, fotografia, moda, pintura, artes plásticas, quadrinhos, videogames, música, gastronomia e etc.
3. Iluminação: Esta fase ocorre nos momentos mais inesperados de nossa vida. É o momento em que a nova ideia emerge repentinamente. É quando visualizamos a solução do problema de forma e nas horas mais inusitadas. É a clássica expressão de Arquimedes “EUREKA!”. As ideias tendem a aflorar e se encaixar como se fossem peças de um quebra-cabeça.
4. Implementação: Nesta etapa a razão tem que projetar aquilo que a imaginação iniciou. Neste momento o isolamento não é aconselhável, pois será extremamente necessária a racionalização da ideia, através de opiniões e das reações alheias, como testes, críticas, julgamentos e avaliações formais.