O assunto de destaque do final de 2013 relacionado com a indústria de moda, quando os relatórios são finalizados, mostra que a produção de vestuário na China não é mais a mais barata fonte de confecção de roupas em termos global.
Provavelmente, se você for atento à etiqueta de suas roupas, provavelmente vai perceber a mudança do “made in China” para o “made in Vietnam”, “made in Bangladesh” ou “made in Cambodia”. Vale lembrar que, no momento, pelo menos uma peça de roupa entre dez no planeta carrega a etiqueta "made in China".
Pesquisas recentes indicam que a China está mudando estrategicamente sua produção de vestuário: do atual modelo de marcas globais com manufaturado simples para o futuro investimento em suas próprias marcas com pesquisa e produção de alta tecnologia.
Em outras palavras, produzir na China está ficando muito caro. Dentre os principais indicadores, podemos citar a alta dos custos com mão de obra, as políticas governamentais impostas a empresas estrangeiras, a valorização da moeda Yuan, a inflação e a possibilidade de manifestações civis de insatisfação com a atual situação da sociedade chinesa, em que poucos tem cada vez mais.
Segundo especialistas, é hora de investir em fornecedores do Vietnã, Bangladeche e Camboja. Mas, embora se tenha preços melhores (mais baixos) nos dois últimos países, o primeiro parece ser o mais seguro. Não são poucos os acidentes veiculados na mídia relacionados às precárias condições de trabalho nesses países, inclusive com numerosas mortes, além da corrupção e do abuso de poder.
Produção de vestuário na China não é a mais barata opção/ Fonte: site Isto é Dinheiro
Avesso a esse fato, a lista de marcas internacionais que programaram mudança de operações para países mais baratos como o Vietnã inclui, dentre outras, Coach, Crocs, Uniqlo e Fast Retailing. Segundo especialistas, o Vietnã apresenta bom ambiente de negócio, com crescimento estimado em 5% a 7 % até 2020.
Mas, num olhar mais preciso, é possível observar que por trás do fato da Ásia ter se tornado o distrito industrial de confecções do mundo, a política do baixo custo e alto lucro se distancia nos princípios da sustentabilidade e responsabilidade social.
Se havia dificuldade de implantação de políticas sociais e melhores condições de trabalho em países pouco democráticos, até segunda ordem, não se vislumbra planos de melhoria da qualidade de vida dos trabalhadores da cadeia têxtil e de confecções vietnamitas, bengalis ou cambojanos pelas empresas do “primeiro mundo”.
Empresários preferem mudar suas confecções para Vietnã, Camboja e Bangladeche e deixam a produção de vestuário na China/ Reprodução
Ora, se a maioria das grandes empresas de moda em nível mundial passou a desenvolver os seus produtos em estúdios de criação na Europa ou nos Estados Unidos e a manufaturá-los externamente, é de se esperar que haja um plano compatível com as políticas sociais que suas lideranças cobram em palanques internacionais.
Por fim, restará aos consumidores a responsabilidade de boicotar produtos manufaturados em condições insalubres? Terão eles que avisar que o sinal não está verde?
Por Maria Alice Rocha
Doutora (PhD) em Design de Moda