Por Ana Luiza Olivete
Designer de Moda, Professora e Consultora Empresarial
Considerando a moda um fenômeno sociológico, ninguém “faz” sozinho, é preciso que existam produtores, seguidores e consumidores. Na era do consumo em massa, a moda compreende os valores materializados nos bens de consumo e, chegando ao ciclo de obsolescência, privilegia-se do que é novo. Porém, essa nova sociedade não se deixou condenar pela mecanização cada vez maior da era pós-industrial, pelo contrário, tornou-se uma assimilação inovadora entre as tecnologias e os conhecimentos artesanais.
Nos últimos anos, as políticas de implementação de ações sociais têm efetivamente buscado meios estratégicos com diversos programas no sentido de promover projetos que concretizem ações no âmbito da capacitação para geração de empregos e melhoria de renda de uma classe menos privilegiada da população.
Fato que, não se trata apenas de gerir a distribuição de renda, trata-se também da distribuição dos benefícios sociais, culturais e políticos, que a sociedade contemporânea tem sido capaz de repartir. Dessa forma, a questão é muito mais social do que econômica.
A exclusão moderna é um problema social, pois as pessoas podem ser integradas ou não nos mecanismos produtivos, por exemplo, o estado do Ceará sempre possuiu elevado número de pessoas que de alguma forma sobreviveram através de trabalhos artesanais, como renda de bilro, joias semipreciosas, bordados e crochês. No estado do Mato Grosso, a tecelagem é a que detém maior representatividade no que tange a divulgação da arte, da cultura e da tradição do povo mato-grossense, destacam-se as rendeiras que, no princípio, fiavam e tingiam o próprio fio que usavam para tecer as redes bordadas com motivos regionais.
Acredita-se muito na iniciativa à busca de novas alternativas para suprir a carência que, de um modo geral, aflora o lado criativo da sobrevivência do indivíduo. E que há algum tempo vem sendo cultivada pelos grandes criadores de moda, que introduzem nas produções trabalhos artesanais de cooperativas formadas por todo o Brasil. Como exemplos desse incentivo destacamos, inicialmente, na década de 1990, a M.Officer, com as artesãs da Coopa-Roca, cooperativa criada na comunidade da Rocinha no Rio de Janeiro, e que se estende até hoje no exemplo de Martha Medeiros, que usa a renda renascença do norte e nordeste como elemento fundamental nos seus produtos.
Marcas introduzem trabalhos artesanais nas peças por meio de parceria com cooperativas de artesãs/ Reprodução
Portanto, contribuir na promoção da melhoria da qualidade de vida das pessoas sempre foi a preocupação de todos que de alguma forma acreditam no bem estar do outro.