Mais uma iniciativa acaba de ser anunciada na França no que tange à proteção do consumidor de vestuário na Europa: dessa vez, o foco está na segurança no vestuário infantil. Segundo a Commission de la Sécurité des Consommateurs (CSC) – Comissão para a Segurança dos Consumidores, traduzido do francês – um mercado que faz circular 500 milhões de artigos de moda infantil é muito heterogêneo.
Essa diversidade de modelos, formas, cores e materiais traz inúmeros benefícios relacionados com identidade e estilo de vida, dentre outros, mas pode também trazer perigos. Na verdade, a segurança no vestuário infantil, principalmente para os usuários recém-nascidos, precisa ser muito bem concebida e testada. Qualquer deslize pode trazer danos ao bebê e à criança pequena, sendo alguns deles graves.
Estudos recentes revelaram que, ao se realizar testes de resistência ao fogo e de análises químicas em diversas peças do vestuário, não foram encontrados grandes problemas quanto ao que a etiqueta do produto informava. Mas, as maiores fraquezas das 45 roupas analisadas foram relacionadas com os testes mecânicos.
Explicando melhor, a grande quantidade de elementos destacáveis, como botões e enfeites, não resistiram a um teste de tração mínima. Os botões tipo pressão são suscetíveis a serem destacados e as aplicações em pérolas são elementos que podem ser facilmente puxados das roupas, e ambos, serem ingeridos por crianças muito pequenas, em especial aquelas com menos de três anos de idade.
Como consequência, uma nova regulamentação para garantir a segurança no vestuário infantil que esclareça padrões de resistência mecânica e de toxidade dos materiais foi implantada. A CSC sugere uma classificação diferenciada de roupas para o uso diurno ou noturno, assim como uma avaliação de riscos por faixa de idade dos usuários: bebês com menos de três meses, crianças pequenas com menos de cinco anos e crianças maiores.
Novas regras para segurança no vestuário infantil/ Reprodução
Neste sentido, no dia 05 de dezembro de 2013 foi lançado na cidade de Vilnius, na Lituâneia, o Guia da Segurança dos Artigos para Crianças (Guide sur la sécurité des articles pour enfants : les produits potentiellement dangereux), válido para todo o mercado comum europeu. Dentre os 26 produtos identificados como potenciais perigosos, seja na fabricação ou no uso estão as roupas infantis de dormir.
Quanto a segurança no vestuário infantil, para surpresa, dentre as orientações, há uma relacionada ao não uso do tecido de algodão, mesmo que em mistura, visto que sua flamabilidade é alta. Nas recomendações relacionadas com pijaminhas e camisolinhas, vem a necessidade do uso de tecidos com tratamento antichamas, na medida que o percentual de incêndios envolvendo crianças que dormiam é considerado alto.
No mesmo sentido, foi banido o uso de cordões, fitas e botões que possam causar estrangulamento, asfixia ou acidentes no berço. O documento sugere ainda que as roupas de dormir não sejam muito folgadas, e sim justas ao corpo, para facilitar o transporte de uma criança num momento de emergência e minimizar parte do vestuário preso a objetos em caso de acidente.
O assunto parece controverso por trazer à tona mudanças tecnológicas e culturais.
Por Maria Alice Rocha
Doutora (PhD) em Design de Moda
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