Por Julia Picoli
Docente no curso de Moda da Feevale e consultora de produto de Moda
Muitas vezes queremos inovar em nossos produtos, atingir um consumidor que busca diferenciação e experiência de compra. Uma das formas de conseguirmos isso é pensar no pensamento construtivo das peças, pensar na modelagem e na estrutura das nossas peças. Adaptação, manipulação e transformação são as palavras chaves. Adaptar é tornar adequado ou apropriado, transformando ou ajustando, adequar à circunstâncias novas ou modificadas.
Podemos realizar a adaptabilidade no vestuário de diversas formas, na cor, na silhueta, na textura, na estampa e na função das peças. Devemos usar os recursos de criação para decidirmos quais vamos utilizar na hora de construir ou reconstruir esse vestuário.
Duas vertentes deste pensamento são a confecção de roupas multifuncionais e modulares.
Peças multiúso: neste caso devemos pensar em diversas questões. A primeira é para quem estamos criando para saber quais são as funções deste vestuário e como podemos transformá-lo em multiúso. E o que envolve esse multiúso? Envolve o uso prolongado na mesma peça, e a versatilidade.
O pensamento construtivo deste tipo de peça vai além da estética, ele tem que ter um foco na modelagem e confecção. O produto deve ser visualizado em um conjunto. Mesmo dentro das roupas multiúso existem distinções. Por exemplo, como na figura baixo o mesmo vestido se transforma em vários modelos diferentes.
Peças multiuso/ Fonte: site Cor de cravo
Peças modulares: roupas modulares permitem a participação e experiência criativa do usuário. O designer neste caso deve pensar não no produto final e sim nas possibilidades deste produto. Nesse tipo de pensamento construtivo, temos que pensar o que vamos oferecer para o nosso cliente, se a peça vai se transformar, ou seja, se um casaco pode virar um colete retirando as mangas ou apenas um casaqueto, pois é possível retirar a barra dele ou se a opção será a troca de alguma parte da roupa por outra.
Na imagem abaixo é possível ver três looks que usam as mesmas peças, uma blusa e uma saia. No primeiro, a blusa ganha a aplicação de um babado e, na segunda, uma sobressaia longa. Já no terceiro vemos a blusa e a saia sem aplicação nenhuma.
Peças modulares/ Fonte: site Bubblehunter
Já nesta imagem tem-se um vestido que, na primeira figura, ganha uma aplicação na barra, na outra, uma aplicação de babado e, por último, a possibilidade de usar sem aplicação.
Vestido modular / Fonte: site Bubblehunter
Já a peça abaixo é um casaco 7/8 que ao retirarmos a barra se transforma em um casaco curto.
Casaco modular/ Fonte: site Coolhaus
As possibilidades quando se trata de roupas multifuncionais e modulares são muitas. Para construí-las deve-se pensar na proposta desejada para os produtos e focar no processo construtivo. Gostou? Confira o vídeo abaixo da marca Bubble Hunter e veja quantas possibilidades conseguimos criar a partir destes pensamentos construtivos.
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