A pesquisa publicada pela Confederação Nacional da Indústria (CNI) intitulada “Falta de Trabalhador Qualificado na Indústria”, mostra que faltam profissionais qualificados para atender à aceleração do crescimento industrial no Brasil. Não que não hajam desempregados, mas sobram vagas devido à falta de qualificação para o trabalho.
Os setores mais prejudicados são o petrolífero e informático, mas construtoras e confecções também sofrem com a carência de profissionais capacitados para impulsionar a produção onde os Programas governamentais de Aceleração do Crescimento (PAC) acentuam ainda mais a disputa por pessoas com formação técnica e tecnológica.
Em projeções do SENAI, para a indústria de confecção, há indicações que o Brasil não tem capacidade de oferta de profissionais para crescer 5% ao ano: faltam não apenas técnicos de nível médio mas também engenheiros, executivos e mesmo profissionais de alta qualificação científica e tecnológica.
Segundo o documento do SENAI, muitas dessas empresas estão com até 20% de suas máquinas paradas por falta de mão de obra qualificada. Situação esta que está inserida em um contexto em que empresários se veem obrigados a importar peças que necessitem de acabamentos especiais e sofisticados.
A baixa qualificação estende-se em todos os setores de produção, como costureiras, modistas, estilistas, vendedores, designers, e atinge profissionais dos setores financeiro e de recursos humanos. Especialistas em trabalho e economia consideram que é preciso investimento do governo em treinamento de professores e também que os empresários e trabalhadores se conscientizem da relevância do treinamento e da qualificação profissional.
A falta de mão de obra qualificada atinge todo o processo produtivo das confecções/ Reprodução
A pesquisa da CNI argumenta que 75% das empresas de vestuário e 32,5% das empresas têxteis necessitam de mão de obra qualificada e que as pequenas e médias empresas são as que mais sofrem com a carência de recursos humanos de boa formação técnica: as empresas de vestuário são em sua maioria pequenas, enquanto as do setor têxtil são grandes.
Pequenas e médias empresas atuam na complementação da formação profissional, oferecendo estágios e maior abertura para os profissionais iniciantes, mas perdem muitos empregados para empresas maiores que oferecem mais benefícios e maiores salários.
Portanto, nas palavras de Marcio Pochman, finalizo: “É preciso aproximar as empresas dos centros de formação. Em países como Alemanha e Japão, o governo faz pesquisas que antecipam as demandas futuras por trabalhadores. Aqui, a qualificação é feita pela oferta de cursos e não pela demanda das empresas”.
Por Ana Luiza Olivete
Designer de Moda, Professora e Consultora Empresarial