Por Ana Luiza Olivete
Designer de Moda, Professora e Consultora Empresarial
Dentre as histórias inspiradoras da alta costura, vale salientar a de Elsa Schiaparelli, romana, nascida em 1890, residiu nos Estados Unidos até 1022, quando se mudou para Paris após seu divórcio com o Conde Willian de Wendt de Kerlor. Em 1927 abriu seu ateliê numa sala na Rue de La Paix e, em 1935, se mudou para sua Maison na Plaza Vendôme.
Junto com Lanvin, Vionnet e Chanel, Elsa Schiaparelli completa o seleto grupo das representantes femininas na alta costura no período entre guerras.
Elsa Schiaparelli em três momentos/ Fonte: Site Lifeinitaly
“O impulso para a carreira na moda foi dado por Paul Poiret, que reconheceu seu talento, tornou-se seu mentor e de quem herdou o gosto pelas cores fortes. Abriu sua boutique na Rue de la Paix e lançou sua primeira coleção em 1929 saudada pela imprensa internacional como “um dos raros criadores do momento.” (CABRAL, 2006, pg. 62)
Nos Estados Unidos, Elsa Schiaparelli teve o primeiro contato com o Surrealismo, quando conheceu May Rain, Marcel Duchamp e Picabia. Colaborou com alguns artistas como Christian Bérard e Jean Cocteau, mas mostrou criações inspiradoras e impressionantes em sua parceria com Salvador Dalí, utilizando de objetos cotidianos do ambiente familiar em outros contextos.
Dessas parcerias resultaram obras primas incríveis como o Lobster Dress (vestido lagosta, pintada no vestido por Dalí), o Skeleton Dress (vestido esqueleto) e o Shoe Hat (o chapéu sapato).
Vestido lagosta, Vestido Esqueleto e Chapéu Sapato/ Fonte: Thehistoryblog
Suas coleções revolucionárias e conceituais marcaram uma época ainda conservadora, principalmente quando resolveu abandonar os botões para fechamento de peças e introduzir o zíper, um acessório considerado vulgar para a alta costura.
Na verdade, Elsa Schiaparelli introduziu tantas coisas no mundo da alta costura que nem sequer imagina-se que foram inventados por ela, incluindo os ombros quadrados com cintura ajustada, suéteres com padrões gráficos, estampas excêntricas, casacos para usar com vestidos de noite, modelos magras nos desfiles, o sportwear combinado e misturado com roupas casuais, zíperes coloridos e o salto cunha. Ela buscava o efeito teatral através das cores vivas, não muito usadas naquela época.
Elsa Schiaparelli morreu em 1973, aos 83 anos. Entretanto a marca não resistiu a saída de Elsa e perdeu toda sua força, porém, até hoje, Mme Schiaparelli é o única a quem a palavra "gênio" é aplicada na maioria das vezes. A marca esteve adormecida desde 1954, e agora volta à cena da moda com um novo diretor criativo, Marco Zanini, para relançar a Maison.
Acessando www.schiaparelli.com, o público pode ver um pouco do que há por vir, numa composição incrível, onde mescla as maiores representatividades da era Schiaparelli, suas célebres criações surrealistas e sua cor favorita: o rosa shocking. Ainda há momentos onde o público se deleita ao som de sua voz.
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