Quando as primeiras movimentações por uma moda mais sustentável e responsável, do ponto de vista ambiental, social e econômico, começaram a se desenhar na virada entre os anos 1980 e 1990, era comum pensar que o eco fashion se tratava apenas de uma tendência de “moda verde”, que seria esquecida na próxima temporada quando outro assunto entrasse em voga. Mas a prova de que se trata de algo muito maior e nada passageiro está em nossos hábitos de consumo, que vêm mudando desde então. Hoje, ao mesmo tempo que ficou mais fácil e rápido consumir moda — tudo está disponível na internet 24 horas por dia, todos os dias, com a distância de um clique ou toque na tela — podemos dizer que nunca olhamos com tanta atenção para as etiquetas das roupas.
Muito mais do que se vestir e construir uma identidade através da moda, o consumidor está mais exigente e participativo, buscando saber a origem, como e por quem o produto foi feito. Esta nova forma de consumir vem de um movimento por uma moda mais ética, tanto no uso de recursos naturais e na contenção de resíduos gerados pela indústria quanto no âmbito socioeconômico da produção da moda. Por isso, cresce a procura por produções eco fashion, que tenham muito claro a procedência dos materiais, a forma e a história de cada peça desenvolvida.
A estilista Stella McCartney é uma das principais porta-vozes da moda sustentável. Em 2002, a marca da filha do ex-Beatle Paul McCartney abriu portas para o eco fashion ser visto como algo possível entre grandes negócios da moda. Créditos de imagens: Mert & Marcus / Stella McCartney.
Sumário
O que é eco fashion?
Eco fashion é um conceito que define uma forma de produção baseada nos princípios de zelo e preservação socioambiental. Isso quer dizer que uma roupa de produção eco fashion gerou zero ou quase nenhum impacto no meio ambiente, seja no consumo de água, nos resíduos e restos de matéria-prima ou qualquer outro fator que impacte negativamente na natureza, em curto, médio e longo prazo.
Por isso, é comum que produtos de eco fashion sejam originados de reuso de outros materiais, de produção sem poluentes, sem desperdícios, que sejam veganos — sem uso de qualquer item de origem animal — e, muitas vezes, de matéria-prima orgânica. Nem sempre todas essas características serão encontradas em um mesmo produto, mas o ideal é que um produto eco fashion cause o menor impacto possível e que as marcas se aperfeiçoem com o tempo, de acordo com novas tecnologias e descobertas que tragam benefícios para a moda sustentável.
Moda de produção responsável e circular
Acima de tudo, uma marca eco fashion precisa ser eco-responsável e ir além de utilizar materiais sem poluentes ou sem origem animal. Isso porque até mesmo a transição para o uso de materiais de origem vegetal, por exemplo, precisa considerar o modo de extração da matéria-prima e assegurar de que não está ocorrendo a substituição de um impacto pelo outro. É necessário pensar em toda a cadeia produtiva e torná-la circular, de modo que todo o ciclo, da extração até o produto final que chega nas mãos dos clientes, esteja alinhado com os mesmos princípios de responsabilidade social, econômica e ambiental.
Apesar de ser entendido, erroneamente, como um nicho de mercado, a maior conscientização e o aperfeiçoamento de tecnologias tornam a moda sustentável e eco fashion cada vez mais acessível e possível para as pessoas, levando grandes marcas a alterarem seus processos produtivos com o intuito de amenizar impactos anteriores e evitar novos. Ao mesmo tempo, vemos marcas menores e autorais nascendo e se fortalecendo, comprometidas com os princípios da moda ética e sustentável desde o dia um de suas existências.
Eco fashion não é só sobre estilo
Eco fashion não se trata de um nicho da moda. É um movimento que tem mudado como nos relacionamos com ela e como a moda se relaciona com o planeta, aproveitando todo seu potencial revolucionário, expressivo, artístico e político nas mudanças necessárias para frear os impactos socioambientais causados pela mão humana. Vai muito além de usar uma eco bag como bolsa ou de usar determinado estilo de roupa. Pouco a pouco, a eco fashion está sendo adotado também por grandes grifes de diversos nichos e públicos, provando que em nada tem a ver com um “estilo hippie” e que é muito mais sobre propósito e produção responsável do que uma forma de vestir.
O que torna uma marca ética, sustentável e eco-responsável?
Estamos cada vez mais inseridos e comprometidos com o que consumimos, preocupados e empenhados em contribuir de alguma forma com as mudanças que queremos ver no mundo. A moda sustentável é uma forma de expressar e agir em prol desse compromisso com a mudança. Para isso, há alguns princípios básicos que uma marca estar inserida para ser considerada, de fato, sustentável e eco-responsável.
- Matéria-prima de extração e obtenção sustentável, de mínimos impactos no meio ambiente.
- Produção responsável, evitando desperdício de materiais, geração excessiva de resíduos ou superprodução.
- Uso consciente de recursos naturais, como água e fontes de energia, da produção do tecido à fabricação do produto final.
- Preferência por materiais orgânicos que não poluam o solo com agrotóximos, pesticidas ou outros poluentes.
- Aplicação de reuso e redesign para melhor aproveitar e reaproveitar materiais, resíduos e peças que iriam para o lixo ou ficariam sem uso.
- Propósito slow, tanto para a produção quanto para a venda, promovendo um consumo mais consciente.
- Peças duráveis e de qualidade, a fim de reduzir a produção, o consumo e o descarte através de roupas com longa vida útil.
- Valorização de profissionais e da mão de obra local, promovendo empregos com boas condições salariais e de trabalho e fortalecendo a economia localmente.
Além de “eco”, moda ética e socialmente responsável
Apesar do termo “eco” de ecológico estar em maior destaque, eco fashion não é um conceito que anda sozinho. Uma moda que preserva o planeta e suas riquezas naturais precisa estar atrelada ao respeito pelas pessoas que a produzem e a consomem. Isso significa que a moda ética usufrui do espaço que ocupa na sociedade de forma responsável, gerando empregos, fomentando a economia local e promovendo condições justas de trabalho.
A moda ética também é transparente com seus consumidores, deixando claro não só como funciona sua produção, mas também qual o seu posicionamento e seu papel social, valorizando a diversidade, a economia circular e solidária e unindo forças em causas importantes para a sociedade.
Quem fez minhas roupas
Em 24 de abril de 2013, um prédio na capital de Bangladesh desabou, matando mais de 1 mil pessoas e ferindo outras 2,5 mil. Na edificação funcionavam diversas confecções em situações precárias de estrutura e de trabalho. Como forma de denunciar condições similares e evitar novas tragédias como a de Bangladesh, surgiu o movimento global Fashion Revolution, que busca “conscientizar sobre os impactos socioambientais do setor; celebrar as pessoas por trás das roupas; incentivar a transparência e fomentar a sustentabilidade”.
Além de como e com o quê, eco fashion também é sobre quem faz. Tão importante quanto a procedência de recursos e o impacto que a produção de uma roupa tem na natureza é saber quem a produziu e em quais condições. Isso porque sustentabilidade não tem a ver apenas com o meio ambiente, fauna, flora, mares limpos e florestas preservadas. Sustentabilidade é poder usufruir de recursos com o menor impacto possível, garantindo a continuidade do sistema para as próximas gerações. Isso inclui também condições humanas de trabalho. Para além do “eco”, o futuro da moda é sustentável também nos recursos humanos utilizados na produção.
Você conhece ou procura consumir marcas alinhadas com o eco fashion? A Audaces também promove a sustentabilidade nas confecções através das tecnologias para a moda, que ajudam a diminuir e eliminar o desperdício de materiais e recursos naturais, garantir a qualidade dos produtos e valorizar profissionais da moda através da otimização de processos de produção.
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