Por Eduardo Vilas Bôas
Professor de Moda do Senac SP
Os chamados cursos técnicos surgiram no Brasil em 1909, quando foram criados pelo Governo Nilo Peçanha, na quase totalidade do país, as Escolas de Aprendizes. Nesse mais de um século o ensino técnico passou por diversas adaptações e evoluções legislativas, sempre servindo de apoio às estratégias governamentais de formar mão de obra especializada e qualificada para o mercado.
Os cursos técnicos são tidos como ensino de nível médio que objetivam capacitar o aluno com conhecimentos teóricos e práticos nas diversas atividades do setor produtivo. O acesso imediato ao mercado de trabalho é um dos propósitos dos que buscam este tipo de curso, além da perspectiva de requalificação ou mesmo reinserção no setor produtivo. Mais do que isso, de acordo com uma pesquisa do SENAI (Serviço Nacional de Aprendizagem) um diploma técnico aumenta a renda de um trabalhador em até 24% e, muitas vezes, os alunos são empregados antes mesmo de concluir o curso.
O Ministério da Educação criou o Catálogo Nacional de Cursos Técnicos (CNCT) entre 2009 e 2011 como uma importante referência para a oferta da formação de nível médio no país. O CNCT padronizou a nomenclatura, a carga horária e o perfil descritivo dos cursos e encontra-se dividido em treze Eixos Tecnológicos. Assim, temos dois eixos que contemplam cursos da grande indústria da moda:
Cursos de formação técnica são opção de especialização rápida e de qualidade/ Reprodução
Eixo Tecnológico de Produção Cultural e Design
– Técnico em Design de Calçados
– Técnico em Design de Joias
– Técnico em Modelagem do Vestuário
– Técnico em Produção de Moda
Eixo Tecnológico de Produção Industrial
– Técnico em Têxtil
– Técnico em Vestuário
– Técnico em Calçados
– Técnico em Joalheria
Muitos se questionam se deve optar por um curso técnico ou iniciar diretamente na graduação. Questionei dois alunos sobre o que os motivaram a essa escolha. Fábio Rangel, concluinte do Curso Técnico em Estilismo e Coordenação de Moda do Senac São Paulo, diz que optou pelo técnico em função “da duração, por ser mais prático do que teórico e por ter amigos que concluíram cursos em ótimas universidades, mas sem desenvolver o olhar prático”.
Já a ex-aluna do mesmo curso, Camila Couto, formada em abril de 2013, diz que além da vivência prática que teria no curso, a possibilidade de experimentar as disciplinas e os assuntos antes do ingresso num curso superior responderia suas dúvidas quanto à escolha certa da profissão.
É Importante reforçar que um curso de curta duração não substitui uma graduação. Ambos desenvolverão habilidades e competências diferentes no futuro profissional, assim podemos entender que são escolhas complementares. Fábio Rangel afirma que se sente preparado para enfrentar os desafios da carreira após a formação, porém “para o mercado conteúdo nunca e demais, e irei me especializar ainda mais”. Já Camila Couto se demonstra surpresa com o desenvolvimento do curso, pois “imaginei que por ser um curso técnico não teria tanto aprofundamento nos assuntos, mas, percebo que hoje muitas vezes converso com pessoas recém-graduadas em moda e vejo que deixo pouco ou nada a desejar”.
Cursos de moda serão beneficiados pelo Pronatec/ Reprodução
Nessa visão de formação qualificada e rápida, o ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior afirmou que as mudanças de critérios para a oferta de cursos de nível técnico para o Pronatec (Programa de Acesso ao Ensino Técnico e Emprego), visam atender as necessidades das indústrias. “Não adianta oferecermos curso para a indústria do vinho, por exemplo, numa região onde se fabrica avião”, observou o ministro da pasta, Fernando Pimentel. Foram consultadas entidades empresariais de 11 setores, e o setor têxtil e de confecção deverá contar com a maior oferta de vagas – 47.337, que representa praticamente 40% do total.
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