Ao encerrar a escrita do meu último post, sobre a criação e a composição do repertório cultural na inovação de moda Processo de criação na moda: será que está morrendo?, fiquei pensando sobre as referências que têm alimentado meu próprio repertório.
Pensei que seria muito oportuno indicar alguns lugares, nomes, livros, filmes, exposições que visitei-vi-li-vivi-senti cujas experiências me foram valorosamente significativas e que acredito que mereçam ser compartilhadas.
A obra de Sheila Hicks trabaha se situa entre o limite tênue da arte, artesanato e design/ Reprodução
Começo pela (irrefutável) contribuição das artes plásticas. Recentemente, Belo Horizonte recebeu a Seleção de Obras de 30ª Bienal de São Paulo, A Iminência das Poéticas. Entre renomados nomes e suas grandiosas obras, destaco a produção da artista americana Sheila Hicks.
Não é por acaso que elejo o trabalho de Hicks. De certo, meu interesse e encantamento têm raízes na minha memória afetiva. Filha de bordadeira, cresci entre cores, formas, desenhos, tecidos, linhas, pontos e agulhas – minha mãe “bordava” enxovais para moças.
Lembro-me com emoção das roupas de cama e banho com elaborados e delicados monogramas das toalhas de mesa ao estilo da Ilha da Madeira, dos diminutos jalecos de bebês em singelo ponto rococó, com perfeita gradação de cores.
Referências que, seguramente, fizeram-me enveredar pela moda. Além disso, o trabalho de Sheila Hicks dialoga com a história e a memória das Minas Gerais, com seus teares manuais e rico artesanato.
A artista trabalha com arte têxtil e suas obras se situam no tênue limite entre arte, artesanato e design. Hicks explora de modo criativo as técnicas tradicionais da manipulação têxtil e usa o fio para jogar-entrelaçar-brincar com formas, assimetrias, materiais, tensões, relaxamentos e cores. As obras, deveras, emocionam e inspiram!
A arte têxtil de Hicks brinca com formas, materiais e cores/ Reprodução
A arte de Sheila Hicks integra as coleções do Victoria & Albert Museum, em Londres; Stedelijk Museum, de Amsterdam; Centre Georges Pompidou, em Paris; Museu de Arte Moderna de Tóquio; Museo de Bellas Artes, Santiago; Museu de Arte Moderna de Nova York e do The Metropolitan Museum of Art, em Nova York.
Por Clícia Ferreira Machado
Consultora da federação das Industrias de MG