A estamparia é a responsável pelas imagens impressas na superfície dos tecidos e pode ser usada para personalizar ou deixar uma peça mais atrativa. E é sobre este assunto que a colunista do blog Falando de Produção, Samira Troncoso, fala em entrevista. Ela aborda questões como o mercado para aqueles que atuam no desenvolvimento de estampas, desafios e a formação deste profissional. Samira é pós-graduada em Design de Estamparia pela Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), Bacharel em Design de Moda e professora da Feevale, em Novo Hamburgo (RS).
Qual o principal desafio da estamparia hoje?
Samira Troncoso – Existem alguns desafios quando se trata de estamparia. Um deles é a criação, pois é necessário desenvolver a criatividade para desenhar e misturar técnicas, criando estampas diferenciadas. Já o desafio técnico desta área está na impressão em tecidos naturais, como o algodão, pois este é um processo mais caro. Uma das técnicas mais difundida hoje é a sublimação, que é feita inicialmente no papel e depois transferida para o tecido através do aquecimento e fica em uma qualidade excelente, principalmente nos tecidos sintéticos. Porém, quando aplicada em tecido como o algodão a estampa perde a tonalidade e os desenhos ficam mais claros.
Qual seria a solução adequada para a estamparia em algodão?
Samira Troncoso – Hoje, para fazer impressão em algodão e seda, por exemplo, é utilizada uma impressora a jato de tinta, que é um processo mais caro, pois demora para imprimir um desenho de alta definição. Porém, deixa a estampa em tecido natural com uma qualidade excelente.
Como é o mercado para o profissional de estamparia?
Samira Troncoso – O mercado de atuação para este profissional está aquecido. Na estamparia têxtil, as impressões digitais tem facilitado bastante a aplicação de imagens nas roupas, uma vez que é possível personalizar e colocar a estampa em pequenos pedaços do tecido, como fazer a plicação no tecido no formato da modelagem, o que leva a economia de tinta e facilita a criação de peças exclusivas.
Como interessados em se aprofundar na área podem buscar informações e formação?
Samira Troncoso – No Brasil temos pouca bibliografia sobre o assunto, então uma alternativa é buscar Trabalhos de Conclusão de Curso (TCC) e, principalmente, dissertações e teses sobre o assunto. Também existem cursos oferecidos por instituições brasileiras sobre o tema. Os que eu conheço são: Design em Estamparia (UFSM), Pós-graduação em Design de Superfície (Feevale), especialização em Design de Superfície (UniRitter), o Núcleo de Design de Superfície (NDS/UFRGS) e no Centro Universitário Belas Artes de São Paulo também tem cursos na área.
Quais as ferramentas que podem ser utilizadas no desenvolvimento de estamparia?
Samira Troncoso – Na verdade existem formas ilimitadas de criar estamparia. As padronagens podem ser feitas a mão, com o uso de tinta e posteriormente digitalizadas, ou podem ser feitas digitalmente através dos softwares gráficos ou misturando diferentes processos de produção. É a criatividade do designer que vai definir as ferramentas a serem utilizadas na criação das estampas.
Em quais áreas um profissional de estamparia pode atuar?
Samira Troncoso – Este profissional pode atuar com estamparia na indústria do vestuário, cerâmica e de papelaria (papel de presente, logotipia, embalagens etc.). Porém, cada área tem sua especificidade e é importante conhecer os processos, aqueles que trabalham com cerâmica, por exemplo, precisa compreender sobre os materiais, queima e a aplicação em azulejos e pisos.
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