Por Francys Saleh
Designer e docente no curso de Design de Moda na Universidade Católica de Pelotas (UCPEL)
Imagem: Reprodução
Você sabe como surgiu a arte de estampar tecidos? Os primeiros desenhos apareceram antes da era cristã e foram feitos na Índia e na Indonésia. As peças eram uma combinação de reservas de pintura e estamparia em bloco de madeira – que era uma espécie de carimbo com motivos gravados e muito apreciados. Estampar é uma das mais exigentes técnicas têxteis e também a que mais se aproxima da arte.
Apesar de normalmente ser associada a carimbos de madeira, existem exemplos na China de carimbos (ou blocos) produzidos de terracota ou metal. Eles foram inicialmente criados para estampar em papéis há cerca de 2 mil anos.
A Índia também foi importante no desenvolvimento da estamparia em bloco de madeira e continua a produzir modelos refinados e extremamente valorizados.
O processo exige um artesão habilidoso para gravar uma estampa ou imagem na madeira: o desenho em relevo é passado na tinta e com pressão é transferido para o tecido. Os tamanhos dos carimbos variam, mas como serão manuseados e pressionados por uma pessoa, precisam ter tamanhos e pesos manejáveis.
Legenda: Carimbos utilizados para estampar tecidos
Imagem: Reprodução
Essa técnica pode produzir estampas simples de uma só cor ou ser mais complexa e utilizar diversos carimbos em que cada um deles aplica uma imagem ou cor diferente ao tecido. Se o design vai se repetir ao longo do tecido, alfinetes podem ser inseridos ao carimbo para alinhar os desenhos. Esse método de estamparia ganhou escala de produção industrial na Europa na metade do século XVII. Já no século XIX, tinha se tornado o principal processo da estamparia têxtil.
Os efeitos visuais que vemos na estamparia em bloco de madeira tende a ser liso e com características estilizadas. Não há muita textura nas imagens.
Legenda: Vendedor de tecidos indiano
Imagem: Reprodução
William Morris, importante designer do século XIX e um dos principais fundadores do movimento Arts and Crafts (Artes e Ofícios), utilizava esse processo para produzir papéis de parede e tecidos para suas empresas. A técnica de estamparia em bloco de madeira demandava um trabalho extremamente habilidoso e se encaixava muito bem na filosofia da Arts and Crafts. Ele promovia a ideia de que “ofícios” e “habilidades” garantiriam uma experiência de trabalho mais gratificante. Morris trabalhou com o tintureiro e químico Thomas Wardle, que se inspirava nos corantes naturais e imagens sofisticadas da estamparia em bloco indiana. Seu design icônico é considerado uma marca de referência nos tecidos ingleses e continua sendo inspirador e comercialmente popular até hoje.
Legenda: Papel de parede desenvolvido por William Morris
Imagem: Reprodução
Gostou da estamparia em bloco de madeira? Assista ao vídeo e acompanhe todo o processo de desenvolvimento dos carimbos, desenhos e aplicação das estampas.
https://www.youtube.com/watch?v=0-qLUPW4KfI#t=38
FONTE: Design de Estamparia Têxtil – Amanda Briggs-Goode
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