Por Francys Saleh
Designer e docente no curso de Design de Moda na Universidade Católica de Pelotas (UCPEL)
Imagem: Reprodução
As temporadas de moda são tradicionalmente definidas por padrões climáticos e os estilistas geralmente trabalham para duas temporadas por ano: outono/inverno e primavera/verão. A sazonalidade na moda dividida em duas temporadas permite que tecidos, cores e formas principais sejam escolhidos seguindo padrões geográficos.
É muito comum designers de moda de renome lançarem uma linha de alto-verão e outra para o período de festas, o que aumenta o número de coleções para quatro. Na gestão de varejo, entretanto, as temporadas podem ser vistas sob uma perspectiva mais financeira. Um gerente comercial identifica como temporada o período de tempo durante o qual o produto é vendido a preço integral, a preço reduzido e a preço de queima de estoque.
O tempo de vida de um produto na prateleira também é importante. Se a demanda por ele continua, o estoque precisa ser reposto. Mas se não houver saída para o produto, uma promoção do estoque deve ser feita para que ele possa ser liberado.
Ano comercial padrão das grifes (hemisfério norte)
Temporada | Calendário |
Outono I inverno | Agosto a Janeiro |
Linha festa (opcional) | Novembro |
Primavera / verão | Janeiro a Julho |
Alto-verão (opcional) | Maio /Junho |
Ano comercial padrão da moda de consumo rápido (hemisfério norte)
Temporada | Calendário |
Início da primavera | Janeiro / Fevereiro |
Primavera | Fevereiro / Março |
Início do verão | Abril / Maio |
Liquidação do verão | Junho |
Alto-verão | Julho |
Outono de transição | Julho / Agosto |
Outono | Setembro / Outubro |
Roupas de festas | Novembro |
Natal / primavera de transição | Dezembro |
Liquidação de inverno | Dezembro / Janeiro |
O fast-fashion e as temporadas de moda
Na metade dos anos 1990, houve uma revolução no modo como as grandes redes de varejo apresentavam as temporadas de moda ao consumidor. A moda de consumo rápido promoveu a apresentação de temporadas mais curtas e frequentes, afastando-se do tradicional calendário de duas coleções ao ano. Ela permite que grandes varejistas, como a H&M, a Zara e a Topshop, ofereçam novas linhas a cada poucas semanas, acompanhem as tendências mais de perto, adaptando-se rapidamente às mudanças do mercado, e, mais importante, controlem seus estoques de modo mais eficiente.
Legenda: A Zara produz a última tendência em 15 dias e distribui para mais de 6.000 lojas distribuídas em mais de 80 países.
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Ainda é muito cedo para saber exatamente como a moda de consumo rápido afetará a extremidade mais alta do mercado de moda, mas ela certamente já mudou a maneira como as pessoas consomem suas roupas, sapatos e acessórios. Muitos designers de moda e varejistas de luxo passaram a dar grande importância às pré-coleções, apresentando seus produtos alguns meses antes dos grandes desfiles . A moda de consumo rápido também aumentou as expectativas quanto ao valor do dinheiro, uma vez que muitas redes varejistas populares conseguem oferecer produtos alinhados às tendências a preços muito baixos e com um padrão de qualidade cada vez maior.
O segredo para você dar conta de entregar os produtos dentro desse novo calendário da moda de consumo rápido é a cadeia de fornecimento. Quanto melhor e mais rápida for a logística, mais flexível é o negócio e maior é a oportunidade de oferecer mais coleções em um ano.
E você, tem o hábito de comprar suas roupas em duas ou em quatro temporadas de moda? Conte pra gente nos comentários!
FONTE: Como Montar e Gerenciar uma Marca de Moda – Toby Meadows