Neste post vou falar sobre a importância e a aplicação das tabelas de medidas para a confecção do vestuário no Brasil – país que teve seu processo de colonização baseado em três grupos étnicos: negros, brancos e índios.
Esta miscigenação, aliada ao tamanho continental e diferenças climáticas, proporcionou características que influenciam na estatura e massa corporal de sua população, impactando de forma direta e indiretamente nas características físicas do povo brasileiro.
A antropometria é definida como ciência que busca mensurar as medidas e tamanho do corpo. E é através destas medidas que o modelista gera uma tabela que serve de referencial para o desenvolvimento do diagrama ou base para o vestuário.
Em sua atividade laboral o modelista recorre a esta tabela para desenvolver um produto que se adeque à realidade de seu cliente. Em minhas visita em empresas de confecção da região sudeste, no entanto, pude perceber que grande parte das empresas do segmento desconhece as normas técnicas da ABNT. Como não compreendem as normas, não sabem qual a sua aplicação no setor de confecção.
O setor de confecção no Brasil esta alicerçado nas micro e pequenas empresas, que é responsável por 80% do segmento. Neste universo, a grande maioria terceiriza o processo de modelagem e confecção. Grande parte dos profissionais que atuam neste mercado trabalham na informalidade ou aprenderam o oficio de modelista de forma empírica.
Acredito que cada empresa tem a liberdade de desenvolver seus produtos de acordo com as características de seus clientes. O que podemos observar é que neste universo de micro e pequenas empresas, a maioria não dispõem de um designer ou de um modelista formado pela academia. Mas neste mercado encontramos indivíduos que executam este trabalho e implantam, de forma inconscientemente e consciente, uma identidade para a marca, objetivando atender as necessidades e o perfil de seu cliente.
Atualmente existe uma forte corrente – encabeçada por institutos, associações, empresas e sindicatos – que almeja desenvolver uma tabela que possa mensurar a realidade corporal dos indivíduos de nosso país ou de nossas regiões de forma padronizada.
O desenvolvimento de uma tabela no âmbito nacional ou regional serviria como norteador para as empresas e modelistas. No entanto, na minha concepção, estas tabelas não conseguiram representar a realidade dos mercados que as micro, pequenas e médias empresas buscam atender. Para este mercado, acredito que cada empresa deve desenvolver uma tabela de acordo com a características da sua marca ou de seu cliente em potencial.
O mais importante, no meu ponto de vista, é que cada empresa entenda a necessidade e a aplicação da tabela de medidas no seu âmbito laboral, empregue e implante esta tabela como um norteador que impacte na homogeneidade de seus produtos.
Por Dênis Fraga
Professor de Tecnologia em Design de Moda no Instituto Federal Sudeste de Minas Gerais