Após a maciça manifestação global contra o aquecimento do planeta com uma hora da noite de sábado sem utilização da energia elétrica, a sociedade parece começar a se dar conta do quanto consome e do quanto a tecnologia é necessária no cotidiano do século 21.
Com essa reflexão, uma tendência já bastante anunciada parece se consolidar: do uso dos materiais recicláveis, do consumo de produtos orgânicos, da demanda por empresas socialmente responsáveis e sustentáveis. De um mundo menos cinza e… mais verde.
Para demonstrar claramente as mudanças de comportamento de consumo, a ONG Organic Exchange anuncia que o plantio, o processamento e a venda de tecidos de algodão orgânico só fazem aumentar, mesmo em tempos de crise econômica.
O relatório afirma que grandes compradores mundiais estão investindo em uma moda “verde” de produtos têxteis como Wal-Mart, C&A, Nike,H&M e Zara e são os principais responsáveis por um incremento no faturamento deste setor, ainda considerado como “nicho de mercado” diante da imensidão da indústria têxtil.
No mesmo sentido do interesse crescente pelo algodão orgânico, já se sente também um incremento na demanda de outras fibras e filamentos naturais com produção orgânica como a lã, o linho e a seda. Mas o relatório alerta aos investidores do agronegócio que atentem para o fato que o mercado hoje é lucrativo porque há uma demanda reprimida para produtos dessa moda “verde”.
Mas que, se num futuro próximo, o mercado verde for “invadido” por especuladores procurando lucro fácil, é provável que haja uma oferta excedente dessas fibras e filamentos, ou que haja uma perda de credibilidade no que tange a conservação do planeta e do bem estar humano.
É preciso lembrar que a produção orgânica, ecológica e natural está sujeita ao clima, às intempéries e às pragas, gerando uma maior dificuldade na previsão do volume de produção antes da efetiva colheita da safra. Há ainda o esforço em classificar o que efetivamente é ecológico dentro do processo de produção de bens e serviços por meio de certificações.
Portanto, se faz necessário ficar atento para o fato de que apesar da moda “verde” ser uma aposta certa para o futuro, os riscos de investimentos e retorno tendem a ser menores a curto prazo. Vale lembrar que, a longo prazo, quem se dedicar a esse segmento com apelo biológico e tiver seu compromisso e experiência reconhecidos pelo consumidor, estará destacadamente bem.
Por Maria Alice Rocha
Doutora (PhD) em Design de Moda
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