O que é design? Muitas literaturas traduzem essa palavra como a forma a favor da função. Na verdade, o design não é só um novo produto, mas também a preocupação para que serve a roupa. Por exemplo, “pensar moda” como designer é imaginar formas de compor o vestir com peças adequadas ao contexto social, econômico e psicológico dos indivíduos, criando subsídios para a construção de um olhar ergonômico.
Esse olhar é construído quando associamos o corpo – suporte do produto de moda – a uma modelagem industrial eficiente. Além disso, é desenvolvido por meio do controle do comportamento, que envolve principalmente a roupa, e é fruto de uma composição social, resultante de um processo histórico.
Essa construção possui especificidades culturais e sociais, das quais toda pessoa é portadora e cada sociedade determina certo número de atributos, que configuram como cada um deve ser sob a ótica intelectual, moral ou física.
Imagem: Site Favip
A forma corporal do brasileiro, por exemplo, muitas vezes é associada imediatamente à imagem hedonista e sensual, ligada ao carnaval, futebol, praias e a cultura de culto ao corpo. A imagem sensualizada da forma do brasileiro, passa a ideia de que o corpo é mais importante do que a roupa, de que ele é a verdadeira roupa – que deve ser exibido, moldado, manipulado, trabalhado, costurado, enfeitado, escolhido, construído. O corpo é que entra e sai da moda, reduzindo a roupa a apenas um acessório, que deve ser adaptado a essa valorização e exposição.
A vestimenta é adequada a esse corpo através de uma modelagem eficiente, explorada pelo setor produtivo, que observa a valorização corporal do brasileiro, e explora a sensualidade nos produtos de moda por meio de uma modelagem específica, principalmente no segmento de exportação.
E é através da modelagem – engrenagem extremamente importante e necessária no processo da produção das roupas – que pode-se dar ao mercado de moda (cada vez mais exigente e complexo), estratégias para diferenciar o produto de moda.
Por Bruna Dezan
Designer de moda