Confesso que há alguns meses na minha prateleira, sem nunca ter sido rodado aqui em casa, o filme “Gilda” me atraía pela fama, mas me dava alguma preguiça. Agora, depois de assistir o drama noir dirigido por Charles Vidor, deslumbro-me com a beleza real de Rita Hayworth, diva inesquecível de Hollywood e famosa pelos cabelos ondulados e ruivos.
Rita foi a primeira mulher a usar um vestido tomara que caia/ Reprodução
O filme é envolvente, tratando da relação de uma mulher extremamente sensual e sedutora com um ex-amante. Gilda usa seu poder de envolvimento para manipular e tentar ter algum controle sobre a própria vida. Isto, na verdade, é o que ela não tem: a trama se desenrola de modo que ela fique completamente presa aos homens que a rodeiam. Neste sentido, o filme rodado em 1946, talvez seja bem fiel ao momento em que foi produzido, refletindo a condição das mulheres daquela época. Gilda não pode se mover e seu único recurso é a beleza.
Além da pertinência histórica em termos sociais, é maravilhoso observar o caprichoso figurino criado por Jean Louis. Vestidos maravilhosos, com ombros marcados e cintura valorizada. Quem tem como registro dos anos 40 a tristeza militarista dos trajes femininos britânicos, que obedeciam às leis de racionamento, assista ao filme para ver o glamour desta década.
O New Look de Dior só apareceria no ano seguinte e a referência ainda eram os ombros largos, a cintura marcada e os sapatos com algum peso. Rita flutua nas cenas com magníficos vestidos bordados, estruturados em primorosos drapeados, conferindo a ela um ar de deusa grega.
O figurino ajuda a compor a personagem Gilda, sensual e sedutora/ Reprodução
Além disso, Rita foi a primeira mulher a usar o modelo tomara que caia. Atenção especial à cena em que ela, ligeiramente embriagada, canta “Put the blame on Mame” (na verdade, foi dublada por Anita Ellis). O vestido tomara que caia preto foi exaustivamente copiado e segue fascinando até hoje.
Quanto à sua vida amorosa, recheada de divórcios, Rita, num dos desabafos mais conhecidos, contou: “Os homens dormiam com Gilda e acordavam com Rita”.
Assista abaixo um dos trechos do filme em que a personagem aparece com o vestido tomara que caia preto mencionado acima:
Por Ana Carolina Steil
Pós graduanda em Mídia, Moda e Inovação no Senac/RS
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