As implicações entre o corpo humano e a roupa vão além da estética e tendências modistas de cada coleção apresentada por designers e confecções do vestuário.
Levando-se em conta a construção das modelagens de acordo com um corpo estudado, seja masculino, feminino ou infantil, devemos entender e respeitar a motricidade humana em concordância com as roupas.
A moda efêmera com um mercado imediatista, tendências que periodicamente são substituídas por outras, às vezes distanciam o relacionamento entre o corpo humano e o vestir. Conforto, vestibilidade e funcionalidade são critérios inter-relacionados também com a saúde. O vestir como ressonância do ser deve apresentar um bem estar tanto físico quanto mental.
Modelagens de qualidade devem ser construídas no aspecto de respeitar a anatomia, as funções e necessidades do corpo, porém há casos em que o conceito visual da roupa, as tendências de moda sucumbem às diferenciações e patologias humanas.
Crédito imagem: Reprodução/Blog howtodrawmanga
Atualmente a moda é discutível e a roupa torna-se uma segunda pele, uma extensão do corpo que a veste. Existem pesquisas que discutem o que está sendo usado e o que foi usado, um comparativo também influenciado por questões sociais e culturais.
Um exemplo nítido são as calças de cintura baixa que, comprovadamente, deformaram alguns corpos femininos em pessoas que acreditaram lhes vestir bem. Os magazines buscam o retorno da cintura feminina no lugar correto, ora com êxito, ora não. Tudo depende do consumidor e da tendência de moda vigente, porém a cultura do vestir no Brasil é a da sensualidade.
Não venho neste post criticar nossa cultura brasileira no âmbito do vestuário, mas sim analisar, alertar o quanto alguns modos do vestir são prejudiciais ao corpo humano. Numa sociedade que cultua o corpo, academias de ginástica consumindo o país em busca de melhores estéticas, a questão saúde tão abordada midiaticamente podem trazem um repensar sobre as roupas desde a construção do tecido, modelagens e o produto final.
No livro A modelagem sob a ótica da ergonomia, Maria de Fátima Grave justifica os fatores aqui abordados como futura visão deste milênio. “…A moda não deve apresentar simplesmente roupas, passando pelas pessoas como que cruzando-as, sem nada deixar. Deve acompanhá-las, sem deixá-las confusas. Acima de tudo ter respeito, atenção pelo corpo. Deve apresentar roupas com reverência ergonômica, revelar o brilho próprio, a condição individual, exuberar, confortar e, acima de tudo qualificar a vida humana”, destaca ela.
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O livro traz questões de anatomia, flexibilidade do sistema motor e as questões do vestir embasadas na saúde. A modelagem do vestuário vista de forma confortável e funcional, uma leitura caracterizando a roupa como extensão do corpo.
A modelagem das roupas deve responder e respeitar as condições de motricidade e ergonomia humana afim de proporcionar qualidade entre estética e saúde.
Pense nisso…
Por Roberto Rubbo
Professor de Moda do Senac FAU