A moda viaja no tempo, transpõe fronteiras e se apropria do Oriente. Sempre sedenta por apresentar o que fascina pela diferença, a moda trilha referências que expõem terras distantes e seus ritos milenares resistentes às mudanças da globalização.
Das recentes passarelas às vitrines dos hemisférios Norte e Sul: o oriente está na moda. A inspiração pontua o toque sedutor dos tecidos, as formas fluidas e uma cartela de cores vibrantes. A seda revela a rota da sofisticação presente nas roupas orientais, como os quimonos, caftans, túnicas e vestidos tubulares. Por meio da vestimenta, territórios como a China, Índia, Vietnã, Japão e Turquia cruzam limites geográficos e propiciam um fumegante caldeirão cultural.
O olhar sobre o exotismo presente nas roupas orientais se abastece da natureza – e dos mitos representados por figuras híbridas e de animais – para nutrir estampas e bordados sobre as roupas e acessórios. O oriente está na moda com flores, folhas, tigres, serpentes, deuses e dragões e toma lugar nas silhuetas que abraçam cortes irregulares, geometrias e dobraduras.
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Elementos que ora combinados respondem por um equilíbrio calculado – quase impensado – como nas coleções das italianas Prada e Etro ou da espanhola Victorio & Lucchino que são agora tocadas pela brisa primaveril acima da Linha do Equador.
Abaixo do eixo imaginário que divide a Terra, a moda brasileira também transparece o explorado e inesgotável Oriente entre as tendências. A marca Neon partilha com a Animale um mergulho na Indonésia, enquanto a Ellus trafega pela Índia para compor um aventureiro Verão 2014.
O oriente está na moda em releituras e interpretações díspares sobre o tema. Cada grife faz um apanhado de formas, volumes, estampas e tons. Em comum, remontam aos cenários que no passado fisgaram mercadores da Rota da Seda e deslumbraram viajantes que embarcaram no Expresso do Oriente para a mais cobiçada viagem entre Paris e Constantinopla (hoje Istambul, capital turca).
Magnético e atraente, o destino segue revisitado pelas idas e vindas da moda. Mantém o poder de surpreender o olhar ocidental quando narra suas heranças, lendas, costumes e conhecimentos ancestrais.
Imagem: Site Exposay
A mesma surpresa que há pouco mais de um século foi avassaladora na capital francesa e imprimiu na história do vestuário o termo orientalismo e o modista Paul Poiret como legítimo representante do estilo. Uma atmosfera de descobrimento ante o requinte dos tecidos, a explosão de cores e a silhueta esbelta descrita nos contos das “Mil e uma noites”.
Por Raquel Medeiros
Jornalista pela UFPB, coolhunter e editora do site Nas Entrelinhas