
22/02/2022

O que é Belo? Conheça seu conceito para a arte e o mundo da moda
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Por Eduardo Vilas Bôas
Professor de Moda do Senac SP
O que é belo? Essa é uma daquelas perguntas universais que permeiam muitas civilizações há séculos. Porém, sempre há um ponto de partida crucial, a etimologia, a definição da palavra, e como ao longo dos tempos, ela vai se metamorfoseando no entendimento e na narrativa da história, nesse caso, da Filosofia, da Estética, e por que não, da Moda?
A fim de te ajudar a compreender como esse conceito tão (des)conhecido e complexo tem se desenvolvido e sua percepção por indivíduos e sociedades, o blog Audaces dedicou um conteúdo exclusivo a essas discussões.
Acompanhe a leitura e saiba mais sobre o conceito de beleza nas perspectivas filosóficas, artísticas e, também, da moda e do mundo fashion:
O belo, a beleza e suas definições linguísticas
No caso da etimologia, a palavra “belo” vem do latim “bellus”, que significa “lindo, bonito, encantador”. Muito usado na época clássica apenas para mulheres e crianças, enquanto para os homens tinha sentido pejorativo e um ar apolíneo, de Apolo, o deus da beleza e da guerra.
No entanto, o termo, antes de sua definição latina, pode ter vindo também do indo-europeu DW-EYE, aproximando-o de outros termos, como bônus, de “bom”, e bene, de “bem”.
Nos dias atuais, o dicionário Houaiss da Língua Portuguesa define o belo como algo “que tem forma ou aparência agradável, perfeita, harmoniosa. Que desperta sentimentos de admiração, de grandeza, de nobreza, de prazer, de perfeição.”
E essas são as principais ideias que vêm à mente da maioria das pessoas em relação ao significado de beleza. Termos como beleza, estética, harmonia, proporção, equilíbrio entre outras, são vocabulário permanente no discurso e trabalho de muitos, inclusive os profissionais da indústria da moda.
Mas afinal, o que é o belo?
O escritor italiano Umberto Eco aborda o conceito de belo em seu livro “História da Beleza” e, lá, ele observa que o belo – junto com gracioso, bonito ou sublime, maravilhoso, soberbo e expressões similares – é um adjetivo que usamos frequentemente para indicar algo que nos agrada.
Parece que, nesse sentido, aquilo que é bonito é igual àquilo que é bom e, de fato, em diversas épocas históricas criou-se um laço estreito entre o Belo e o Bom, como vimos pela própria origem da palavra.
As reflexões do autor sobre o belo ao longo da história nos convida para uma viagem para além do entendimento entre beleza e bondade, como idealização de uma perfeição estética. Antes, abre caminhos para entendermos como o belo é importante nas relações artísticas, sociais, políticas, religiosas, espirituais etc.

O conceito de beleza para além da história ou filosofia
De uma certa forma, a beleza do mistério do belo está justamente no intangível, imaterial, inalcançável, e sobre isso não há o que determinar, o belo sempre será um mistério que está, e ao mesmo tempo, não está em nossas mãos, certo?
Sendo assim, de uma coisa sim podemos ter alguma certeza: sempre poderemos usar nossa noção de belo/beleza como ponto de partida para a criação artística, e sobretudo, nos campos da moda e do design de roupas, ele é um suporte infinito à serviço da criatividade, da pesquisa e da produção.
Vale lembrar ainda que a beleza é uma experiência (um processo cognitivo, mental ou ainda, espiritual) relacionada à percepção de elementos que agradam de forma singular aquele que a experimenta. As formas de beleza são inúmeras, e a ciência ainda tenta dar uma explicação para esse processo.
Ao longo da história, a Estética, enquanto ramo da Filosofia, tentou várias vezes explicar o conceito de belo. Entretanto, em todo o processo de criação, desde uma obra de arte até uma coleção de roupa, se faz necessário este entendimento sobre a importância do belo nos âmbitos da criação.

O conceito de belo na Filosofia
Toda discussão sobre a beleza e seu significado teve início Estética Grega e está fundamentalmente pautado na concepção de mundo dos filósofos da época e, para eles, a vida e a arte se fazem baseadas em equilíbrio, simetria, harmonia e proporcionalidade.
E, até hoje, o que é o belo na filosofia, que se projetou no Renascimento, momento histórico no qual tais preceitos foram revisitados, está presente o aspecto racional do juízo de gosto (gostar ou não) que propagamos na Indústria Fashion e nos desfiles de moda ainda hoje.

O belo segundo Sócrates
Sócrates, um dos três principais pensadores da Grécia Antiga (Século V – ano 470 a.C.), acreditava que o belo era uma concordância observada pelos olhos e ouvidos, ou seja, o belo é permissível através dos sentidos sensoriais.
Na visão de Sócrates, “o belo é o útil”, ou seja, a beleza não está associada à aparência de um objeto, mas em quão proveitoso ele for, teria então um caráter prático, como o resultado de um produto ou situação prática.
A beleza segundo Platão
Para Platão, filósofo grego do século V a.C., o belo está ligado a uma essência universal e não depende de quem observa, pois está contido no próprio objeto, na criação. Platão acreditava, ainda, que tudo o que existe no mundo sensível (imperfeito) é apenas uma cópia do que está no mundo inteligível (perfeito).
Um de seus mitos mais conhecidos, O mito da caverna traz uma alegoria clara sobre como nossa percepção em relação ao que chamamos de realidade é produto de uma construção subjetiva e muitas vezes, influenciada por um “inconsciente coletivo”, que nos condiciona e aprisiona, como os padrões de beleza atuais.
O belo segundo Aristóteles
Já Aristóteles, discípulo de Platão, possuía outro conceito de belo. Para ele, uma obra só poderia ser considerada bela se fosse capaz de promover a catarse em seus admiradores. Nessa concepção, a catarse nada mais é do que a purificação da alma e das ideias a partir de uma obra de arte e, por excelência, segundo ele, a catarse se dá na tragédia!
Afinal, era por meio do teatro trágico que as pessoas refletiam sobre o que a obra mostrava, ao contrário da comédia que, apesar de divertida, não promovia uma reflexão, mas apenas um estado de “entusiasmo” temporário sobre condições humanas pouco nobres ou, ainda sim, que não eram belas segundo a sociedade grega clássica.
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