Para executar seu trabalho com qualidade, o modelista precisa conhecer o público-alvo da confecção e, principalmente, saber ler e interpretar as linhas do corpo do consumidor e adaptar a peça de forma adequada e confortável a ele. Também é essencial para este profissional dominar as técnicas de modelagens e utilizá-las com base na anatomia do corpo humano no vestuário.
Para aliar técnica, ergonomia e funcionalidade à uma peça, o modelista deve ter conhecimento sobre a anatomia do corpo humano e sua aplicação no vestuário, bem como a forma que o corpo do consumidor se mexe ao mover-se. Essas informações fazem com que o profissional compreenda os limites do corpo humano e perceba que a anatomia humana obedece a um padrão baseados em princípios, como o da antimeria.
O princípio da antimeria estabelece que o corpo humano possui duas partes iguais e simétricas – direita e esquerda -, conhecidas como antímeros. Apesar de serem apontadas como simétricas, elas não são. Caso sejam realizados exames minuciosos é possível verificar algumas diferenças e, apesar das divergências, o modelista deve fazer os moldes como se ambas as partes fossem idênticas, pois os corpos humanos são diferentes se comparados um com outro. Desta forma, tem-se uma maior possibilidade de abranger as diferenças anatomias do corpo humano no vestuário, em um mesmo modelo, e agradar o maior número de usuários.
O artigo “Ergonomia e modelagem: a função da modelista perante o corpo”, realizado através de pesquisa bibliográfica, levantamento de dados e opiniões de diferentes autores, aponta que para conquistar o consumidor a indústria do vestuário precisa fazer “investimento em qualidade e conforto, os produtos devem ser feitos com materiais confortáveis que, de alguma forma, se ajustem ao corpo”.
E para atender a essa demanda de forma adequada, o modelista também precisa conhecer a anatomia do corpo humano e entender que existem variações do corpo ligadas a diferentes aspectos, como idade, sexo, raça, biotipo e evolução. Logo, o corpo de uma menina de 15 anos é diferente do de uma mulher de 40 anos, que por consequência é diferente do corpo de uma de 70. Por isso, conhecer o público-alvo e ter em mãos uma tabela de medidas adequadas ao corpo deste indivíduo contribui para a construção de uma peça adequada.
O artigo ainda aponta que a tabela de medidas feita a partir de uma pesquisa das medidas do público-alvo e com base nos resultados alcançados é realizado uma “média” entre elas. Esta “média” obtida a partir da pesquisa acaba por ser a medida sugerida pela tabela de medidas. Atualmente, as indústrias do vestuário utilizam diferentes tabelas de medidas, isso é fruto de uma falta de padronização das medidas do vestuário. O artigo aponta que no Brasil essa falta de padronização deve-se “a inconstância nas formas corporais, resultante da miscigenação de diversas etnias”.
Outro ponto que deve ser observado pelo modelista é que a roupa deixou de ser apenas uma forma de cobrir e proteger a pele e que o consumidor está buscando conforto. A relação corpo-roupa-função-conforto está sendo valorizada devido a, entre outros fatores, correria cotidiana do ser humano que busca peças confortáveis, leves e funcionais aliadas ao design da peça.
Fonte
Artigo “Ergonomia e modelagem: a função da modelista perante o corpo”