Por Eduardo Vilas Bôas
Professor de Moda do Senac SP
O termo transmídia (do inglês transmedia) refere-se a uma estratégia de disseminação de conteúdo através de vários canais de comunicação. A ideia central é ofertar ao receptor (cliente) várias mensagens diferentes, porém, suplementares, por meio de plataformas ou mídias complementares, de forma que se o receptor mantiver contato apenas com um dos meios, terá o entendimento parcial da mensagem. Assim, há um forte estímulo para procura espontânea do público pela continuidade da mensagem, uma vez que o todo é mais satisfatório do que só as partes: há a euforia da coleta e conexão das peças.
No infográfico acima, pode-se entender como as mensagens veiculadas em diferentes meios se complementam, caracterizando o conceito de transmídia/ Fonte: Reprodução
Partindo deste princípio, entendemos que um enredo rico e sedutor faz parte da narrativa a ser construída. A ideia do crossmedia de cruzar a mesma mensagem (conteúdo) em vários canais, adaptando apenas a linguagem conforme o meio utilizado tem caído num crescente desuso exatamente por deixar o receptor numa posição passiva. Isso acontece por que vivemos na Era da WEB 2.0, na qual os clientes estão ávidos por interação e esperam ser surpreendidos a todo o momento, e os vídeos possibilitam essa construção.
A partir de 2011 a estratégia de transmídia ganhou espaço no mercado da moda. Com maior acesso à smartphones, tablets, desktops e notebooks, o consumidor se conecta e busca novas experiências. E as marcas de moda, vanguardistas até nas práticas de marketing, estão desvendando esse novo conceito. Consequência? Temos visto o empobrecimento das semanas de moda e o esvaziamento de anunciantes em revistas do segmento – ainda que esse não seja o único motivo.
Os desfiles e anúncios gráficos ganham a opção do audiovisual como um forte concorrente, uma vez que principalmente os desfiles tradicionais consomem grande soma de recursos financeiros, atingem um público restrito, permitem baixo índice de interação e envolvimento emocional, além de um curto tempo de vida útil. Eventos como Victoria´s Secrets Fashion Show e Monange Dream Fashion Tour têm fugido do formato tradicional por meio do apelo das supermodelos, cenários, enredo, músicos famosos e transmissão ao vivo pela televisão e internet.
Rihanna no Victoria´s Secrets Fashion Show – 2012/ Reprodução
Campanhas como da Lady Dior, da grife Christian Dior, confirmam a tendência do transmídia e se tornam atemporais. Ainda em 2009 a campanha foi veiculada em revistas e em vídeos segmentada em três partes principais: Lady Noire, Lady Rouge, Lady Blue e Lady Grey. Para cada produto um curta metragem narrou uma atmosfera de mistérios, intrigas e sedução a fim de fisgar a atenção do consumidor e criar um cenário que pudesse valorizar ainda mais os atributos de poder e sedução das bolsas da marca.
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