Quando usamos a palavra ou o conceito de alfaiataria a primeira conotação que temos é a de roupas sob medida, o alfaiate, o corte impecável, roupas estruturadas e bem forradas, com costuras por excelência.
Um método e costume – primeiramente do guarda roupa masculino -, a alfaiataria abrange diversificadamente o universo feminino. O que antes era feito à mão, na atualidade foi substituído por maquinário específico em que a confecção da roupa não perde o aspecto manual.
Segundo historiadores de moda, a alfaiataria feminina começa no século XVI – talvez com Elisabeth I. Porém, o uso deste método para as mulheres fica aparente no século XIX, período em que a roupa feminina era composta por duas ou mais peças sobrepostas, como casaco tipo basque por cima de uma blusa e saia longa.
Em 1920, Coco Chanel lança outro tipo de tailleur com as mesmas estruturas de alfaiataria que os homens utilizavam. Em seguida, Dior com seu New Look, transforma o tailleur numa peça ícone e inconfundível. Mas é no final da década de 60 que as glórias da alfaiataria feminina acontece com Yves Saint Laurent e sua criação do smoking feminino.
A característica principal da alfaiataria é o caimento, a roupa respeitando as medidas do corpo que a veste, acabamentos que valorizam o conjunto e modelagem diferenciada em cortes que enfatizam esse segmento da moda.
Comumente identificamos uma peça de alfaiataria por sua forração, utilização de estruturas internas, como entretelas firmes, modelagens alinhadas e na maioria das vezes longilíneas.
A alfaiataria feminina dá elegância ao look da mulher/ Fonte: Site Black Marks On Paper
Essas peças possuem os acabamentos mais refinados em relação a outros segmentos da moda. Também têm presença do feito a mão, apesar dos maquinários que otimizam o processo operacional. Entre outros aspectos, o caimento uniforme, reto, sem amassados é a chave fundamental de identificação do estilo.
Há algumas décadas a alfaiataria tomou novos caminhos, transformou-se em moderna para adequar-se a contemporaneidade, chegou ao varejo de moda e, hoje, está presente em quase todos os segmentos: streetwear, jeanswear, malharia em geral, entre outros.
Um bolso, uma barra de calça, um acabamento e um cós diferenciado podem ser agregados aos diversos segmentos com o aspecto da alfaiataria. O bolso faca e um cós fitado (acabamento com viés) são típicos aspectos da alfaiataria e podem ser encontrados em uma calça jeans, por exemplo.
A alfaiataria atual, totalmente adaptada ao prêt-à-porter, continua sendo confeccionada com tecidos tradicionais do segmento; é atemporal a lã fria, gabardine, microfibra, veludo e tweed.
As padronagens seguem o mesmo conceito como o risca de giz, certos xadrezes, príncipe de gales, listrados e espinha de peixe. Porém é comum esbarrar pelas ruas com um paletó ou blazer de moletom ou jeans, com vários recortes e manga de duas folhas. Isso não quer dizer que estas peças perderam o aspecto de alfaiataria.
Para saber mais sobre o assunto, do conceito às técnicas de construção e estruturas das roupas, deixo como material de pesquisa o 8º número do Guia Completo da Costura – “Alfaiataria, Coleção Manequim”, a qual participei das entrevistas e construção de alguns textos.
Blog iniciante na costura
Por Roberto Rubbo
Professor do SENAC Lapa Faustolo