Elsa Schiaparelli foi uma das grandes rivais de Coco Chanel no período entre as duas guerras mundiais, mas com o fechamento do seu negócio em 1954, o nome acabou esquecido por algumas décadas.
Crédito imagem: Dazed & Confused
Seis anos atrás, Diego Della Valle, do Grupo Tod, adquiriu a marca Schiaparelli e prepara-se para relançá-la com um diretor criativo a ser anunciado. A casa será reaberta no 21 Place Vendôme, onde ela abriu uma boutique em 1935.
Schiaparelli identificava-se com o surrealismo e criou peças emblemáticas como o vestido Lágrima e o colar bug. Suas roupas eram feitas para impressionar, para destacar a mulher que as usava, e é essa a missão da nova equipe que conta com a consultoria da modelo, escritora e musa da Chanel, Inès de La Fressange.
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Farida Khelfa, ex-modelo e atriz, também vem trabalhando para a Maison com a missão de rejuvenescer os interiores, mantendo a maioria das peças originais que pertenceram à Schiaparelli e inserir obras que sigam o espírito surrealista da estilista.
A Dazed & Confused publicou uma série de fotos que mostra esse resultado, cheio de referências ao trabalho de Schiaparelli, como a estética surrealista do mobiliário, os desenhos, ilustrações e fotos do passado com destaque para as esculturas-esfinge originais e copos feitos por Man Ray.
Sua forte relação com o surrealismo e Dalí iniciou em 1936, quando apresentou casacos com gavetas inspirados na obra “Mulher com gavetas”. Pierre Le-Tan ilustrou muitas das campanhas do perfume Schiaparelli e um de seus desenhos pode ser visto no interior da Maison.
Alguns móveis criados recentemente para o espaço foram pensados para refletir o gosto de Elsa, como o sofá de cetim rosa choque. São inúmeros detalhes no espaço que contam a história e o estilo da estilista, um prato cheio para quem assumir a direção criativa da marca.
Crédito imagem: Dazed & Confused
Sobre a estilista
Elsa Schiaparelli nasceu em Roma, em 1890. Mudou-se para a França em 1922, quando já desenhava e vendia seus primeiros tricôs. Abriu a primeira butique no final dos anos 20 encorajada pelo amigo e estilista renomado Paul Poiret.
Sempre esteve conectada com os artistas de seu tempo; era amiga de Marcel Duchamp, Jean Cocteau, Christian Bérard e Salvador Dalí. Para ela, a moda estava sempre vinculada à evolução das artes plásticas contemporâneas, especialmente a pintura.
O sucesso de suas criações surrealistas, fantasiosas e exóticas tornaram-na a maior rival de Coco Chanel, dona de um estilo completamente oposto, funcional para a mulher moderna. Com Dalí, Schiaparelli criou peças icônicas como o chapéu em forma de sapato, a bolsa telefone, o vestido decorado com uma lagosta e o tailleur-escrivaninha com bolsos em forma de gaveta.
Além de suas criações sempre impactantes, ela inovou nos materiais utilizados nas roupas, como o zíper, o crepe de seda e o celofane. Todos esses novos materiais, como a fibra sintética, possibilitaram que Elsa executasse todos os seus sonhos surrealistas, através de cores vivas – não muito usadas na época.
O rosa shocking é uma de suas criações e foi usada em chapéus, capas bordadas e outras peças. Entre suas clientes, estrelas de cinema como Greta Garbo, Joan Crawford, Mae West e Carole Lombard.
Durante a Segunda Guerra Mundial, Elsa fechou as portas de seu ateliê e reabriu em 1945. Pierre Cardin e Hubert Givenchy foram alguns dos estilistas famosos que passaram pelo seu ateliê. Elsa Schiaparelli morreu em 1973, aos 83 anos.
Por Juliana Albuquerque Cesar