Por Julia Picoli
Docente no curso de Moda da Feevale e consultora de produto de Moda
Os consumidores estão interessados não somente em roupas que tenham apelo estético e siga as tendências, mas em peças nas quais se sintam bem. Eles buscam roupas que coincidam com as suas atitudes e imagem.
As marcas veem esta percepção dos consumidores e não desenvolvem mais peças somente pelos aspectos visuais e tendências de moda, mas levam em consideração o toque, o cheiro, a emoção, a intuição; características que influenciam na decisão na hora da compra.
Estes aspectos elevam a importância dada ao bom toque dos tecidos, aspecto que confere conforto no vestuário e é uma característica fundamental ao vestir. Sendo assim, os designers precisam estar atentos às novas tecnologias, às propriedades dos tecidos, aos lançamentos têxteis, para assim acompanhar as novidades e desenvolver produtos com qualidade estética e conforto.
O conforto no vestuário é identificado como um dos atributos chaves para atrair o desejo do consumidor e reconhecer essas necessidades dos usuários, tornando-se essencial para o sucesso das empresas têxteis e de confecção. Os produtores de fibras sintéticas, por exemplo, tiveram um bom retorno ao sucesso através do nicho sportswear, no qual dão ênfase a performance, movimento e conforto no vestuário. Mas esse não é o único nicho atento a esse novo consumidor, muitas marcas apostam em uso de tecidos com algum tipo de propriedade, em modelagens mais ergonômicas.
Produtos têxteis e do vestuário são materiais essenciais que usamos todos os dias para obter conforto psicológico e ergonômico para assegurar condições físicas apropriadas ao nosso corpo. Consequentemente, pesquisas no conforto do vestuário tem significado fundamental para a sobrevivência do ser humano e melhoramento da qualidade de vida.
O conforto psicológico tem relações diretas com a estética da roupa, seu diferencial, ao conceito da marca. Como assim? No dia a dia, a maioria das pessoas procura usar roupas que proporcione o conforto psicológico e funcional. Mesmo roupas cujo principal objetivo é a proteção ou funcionalidade, como por exemplo uma jaqueta para frio ou uma peça fittness, tem que fazer com que o consumidor se sinta atraente aos olhos dos outros.
Usuários buscam roupas mais confortáveis/ Reprodução
É nessa área que o conforto psicológico trabalha, no lado sensível do vestuário, ou seja, a roupa torna-se a escultura de um estado sensível e depende de um lugar específico. Nesse caso, o sujeito sente-se confortável se estiver vestido com o vestuário apropriado a circunstâncias em que se destina. Temos como exemplo algumas tecnologias que permitem a sensação de estar sempre seco, sem manchas de suor, além de passar ao usuário uma sensação de conforto térmico e táctil, passam também uma segurança psicológica de que ele poderá exercitar-se, ou até mesmo passear de maneira que a roupa não ficará molhada, tranquilizando-o.
Em relação ao conforto ergonômico, ele pode ser definido como um estado de harmonia física e mental. O físico está relacionado às sensações provocadas pelo contato do tecido com a pele e do ajuste da confecção ao corpo sem prejudicar os movimentos. Nessa perspectiva, é possível compreender que o conforto ergonômico está relacionado com a compatibilidade dos movimentos, conforto e segurança. E ainda, relaciona-se com os aspectos físicos: temperatura, sensações térmicas, medidas e as formas adequadas que facilitem o uso e os movimentos.
Levando em consideração o conforto ergonômico na hora da criação, a modelagem é muito importante. Essa deve ser anatômica e não pode dificultar o movimento do usuário. A escolha das formas e silhuetas certas para cada peça é essencial para não limitar os movimentos e causar uma sensação desagradável para quem usa a peça.
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