Um arranjo físico correto facilita a sequência de montagem das peças e promove deslocamento rápido entre as máquinas na área têxtil. É sobre isso que vamos falar hoje na série “Bom dia, seu Guedes”. Confira.
– Bom dia, seu Guedes! disse a Regina, aquela encarregada que o seu Guedes não sabe o nome.
“Bom dia, só se for para você”, pensou o seu Guedes. Como poderia ser um bom dia se não conseguimos entregar os pedidos no prazo? O que será que fazemos de errado? O seu Guedes lembrou da célula dois, pois apresentava números mais atraentes de produção do que a célula um. Decidiu então observar as atividades da célula de perto. Ele reparou que as peças cortadas eram transportadas entre as máquinas por uma ajudante*.
Notou também que a sequência de montagem da peça estava diferente do deslocamento da ajudante, ou seja, a máquina overloque utilizada na primeira operação da camiseta, unir ombro, estava no fundo do setor, enquanto a máquina que fixava gola, operação seguinte, estava próxima a porta de saída. A ajudante se deslocava de forma desordenada entre as máquinas, e não seguia a sequência de montagem da peça.
O seu Guedes chamou a encarregada da célula dois e pediu uma “vitamina” sem açúcar. Enquanto isso chamou a ajudante e perguntou:
– Filha, quem colocou essas máquinas nessa ordem?
A menina pensou, pensou e pensou e respondeu:
– Sei lá! Acho que sempre foi assim!
O seu Guedes pensou: “Será que essa disposição de máquinas está atrapalhando a nossa produção?”
Pois é seu Guedes, a disposição das máquinas atrapalha, e muito, a eficiência da empresa ou a maximização da capacidade instalada. Para que possamos elaborar um posicionamento de máquinas que atenda às necessidades produtivas organizacionais é preciso conhecer o conceito de arranjo físico produtivo ou leiaute.
Segundo Slack (1999) o arranjo físico “preocupa-se com a locação física dos recursos de transformação”, ou seja, determina o percurso que as matérias-primas deverão seguir, desde o começo até o final do processo de transformação, até se tornar um produto acabado.
Para entender melhor o conceito vamos analisar os tipos de arranjo físico ou leiaute existentes. Segundo Slack (1999) são quatro os tipos básicos de leiaute:
- Arranjo físico posicional: os objetos transformadores é que se deslocam até aos objetos transformados.
- Arranjo físico funcional: conforma-se às necessidades e conveniências das funções desempenhadas pelos recursos transformadores que constituem o processo.
- Arranjo físico celular: os objetos transformados serão deslocados ao posicionamento da célula dentro do leiaute da fábrica.
- Arranjo físico por produto: definir quais as necessidades dos clientes e seus produtos, e utilizar os recursos necessários para satisfazê-los. É chamado de arranjo físico de “fluxo” ou “linha”.
Agora ficou mais fácil entender porque a falta de estudo relacionado à posição das máquinas dificultada a realização da produção com alta eficiência. Para cada tipo de processo temos uma leiaute indicado, em função do tipo de operação que se quer realizar.
No caso da operação da empresa Lua Nova, o produto, camiseta, pode ser produzido com arranjo físico celular, no qual o objeto transformado passa pelos objetos transformadores (máquinas, equipamentos, atividades de acabamento) e sai pronto da célula** para a prateleira ou transporte para clientes.
As células do seu Guedes possuem as máquinas necessárias para montar a camiseta e o acabamento é encaminhado para outro setor. A sequência de máquinas determina o tempo operacional, em função do deslocamento do material cortado dento do fluxo do produto. Sendo assim, o arranjo físico ou leiaute adequado diminui o tempo de deslocamento das peças cortadas entre máquinas, o que facilita as etapas de montagem e, consequentemente, aumenta a produtividade do processo.
Ao analisar as figuras acima podemos observar que o leiaute atual representado pela célula um apresenta um deslocamento confuso e com sequência de máquina desordenada em relação à ordem de montagem das peças. Já o leiaute da segunda figura apresenta clareza na sequência de montagem e promove um deslocamento rápido entre as máquinas.
O seu Guedes, com sua sabedoria e depois de muita análise teve uma ideia.
– O minha filha, vamos fazer o seguinte, vamos pegar as máquinas do mesmo tipo e colocá-las juntas, isso deve melhorar o passeio da ajudante na produção. Tenho certeza de que vamos ter ganhos exponenciais na produção!
É seu Guedes, é uma tentativa, mas o senhor ainda precisa de muito ajuda para fazer essa empresa dar certo. Mas isso é uma outra história…
* Conhecida também como volante ou auxiliar de produção
**Grupo de máquinas agrupadas de forma a atender à necessidade de produção de uma determinado modelo, de forma que o produto entre e saia pronto da célula, em pequenos lotes para melhorar a qualidade no posto de trabalho e todas os operadores(a) são polivalentes.
Por Alexandre de Caprio Ferreira
Professor do curso Superior e da pós-graduação da Faculdade de Tecnologia SENAI Antoine Skaf e responsável pelo curso de pós-graduação lato sensu em Sustentabilidade em Têxtil e Moda na mesma instituição.
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