O século XIX, considerado na moda a Idade Contemporânea, começa com diferenças sociais na época do Império, depois traz os valores tradicionais e materiais num período curto denominado Romantismo. Em seguida, chega a Era Vitoriana com a Revolução Industrial e finaliza o século com a ornamental Belle Époque.
Foram quatro fases distintas da vestimenta no século XIX, e por mais que uma delas durasse curto período, trouxeram significados e influências importantes para o mundo da moda. O post a seguir faz parte de uma série de quatro textos que vão abordar essa divisão significativa e tão contundente entre largo e justo, o aperta e solta, o ornamental e a simplicidade, todos antônimos entre si que fizeram a moda do século XIX.
IMPÉRIO: O Conforto
A sociedade francesa estava dividida em estados ou ordens, sendo entre elas o clero, a nobreza e o resto da população juntamente com a burguesia.
A insatisfação com as diferenças sociais e o excesso de privilégios das classes favorecidas gerou uma revolta popular que resultou na Queda da Bastilha, em 14 de julho de 1789. Foi a data-marco para uma revolução.
Créditos do livro: Moda, desde o século XVIII ao século XIX – Editora Taschen, 2004.
Após a revolução francesa e uma fase de crises, período do governo de Napoleão I, a moda começou a passar por transformações. A influência nas roupas era de origem inglesa e vinham do campo, tornando-se um aspecto de praticidade e real suavidade em resposta a toda a opulência do reinado de Luis XVI, no período do Rococó.
O novo sistema de governo francês considerava a antiga democracia grega como modelo, o que vai inspirar toda a moda do período do Império, com semelhanças até no corte do cabelo – cabelo à ventania.
PEACOCK, John. The chronicle of western costume. Londres: Editora Thomes & Hudson LTDA, 2003.
Napoleão proibiu a importação de tecidos da Índia, pois queria desenvolver a indústria têxtil francesa. Proibiu também a repetição em público de vestidos em sua corte pelas mulheres, pois a Inglaterra estava influenciando toda a moda masculina e a França queria influenciar a feminina.
A roupa masculina adquiriu sobriedade e o casaco passou a ser o do tipo inglês de caça. O uso de botas, golas altas e ostensivos lenços amarrados como adorno de pescoço eram frequente.
A roupa feminina se tornou menos ostensiva e extravagante. Os vestidos lembravam camisolas soltas, com recortes bem abaixo dos seios, e comprimento um pouco acima das canelas. Os decotes eram pronunciados em “V”.
Usavam tecidos brancos e transparentes, na maioria das vezes, como a musselina e a cambraia. Por motivos da transparência, as mulheres usavam uma malha por baixo do vestido, para não mostrarem a silhueta, além de se protegerem do frio.
Entra na moda o xale, complemento feminino que mais será usado no século XIX.
Por Roberto Rubbo
Professor de Moda do Senac FAU