É curioso pensar no sentido da palavra uniforme – aquilo que só tem uma forma, que não é variante, análogo, comum de dois, uma vestimenta padronizada para determinada categoria de indivíduos, mas que nos padrões atuais de vestes e costumes busca uma tendência, uma nova cor, um tecido high-tech e, por que não dizer, uma elegância heterogênea.
Séculos atrás o uniforme representava um estilo tradicional de comportamento dividindo diversas categorias de indivíduos, formando grupos homogêneos de costumes e atitudes análogas, e até mesmo dedicado às frivolidades do cotidiano. O uniforme foi e ainda é, em nossa atualidade, um divisor hierárquico, social e profissional, esportivo, militar, entre outros.
Comissárias da VASP EM 1970 – Estilista Clodovil
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Vale à pena lembrar e reforçar que antes mesmo dos conceitos da palavra moda entrarem em vigor, a ideia de uniformizar apareceu nos exércitos e seus soldados com armaduras requintadas, e avançou com a industrialização do século XIX, época em que todos os homens ingleses adotaram o terno – calça, paletó e colete, também uma uniformização de um costume da época que virou característica de moda.
Empresas da atualidade que abraçam seus ideais e marcas que comercializam um produto ou vendem um serviço especializado adotam o aspecto de uniformizar seus funcionários com uma visão bem diferente da utilizada no passado. Hoje a procura por cores e tendências inovadoras, estampas e modelos que simbolizam ou caracterizam o produto de um cliente faz parte de uma elaboração, desenvolvimento e criação comparada a dos grandes estilistas de moda.
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O novo caminho que o uniforme encontrou no campo do vestuário mescla-se aos conceitos de moda e sua vasta exposição de estética e beleza no vestir. A elegância, os costumes, a difusão do uniforme de uso coletivo na atualidade, que ao apresentar-se individualmente, omite a ideia de uniformização. Estilistas nacionais e internacionais renomados apresentando suas coleções embasadas no vestir uniformizado ao mesmo tempo em que tal aspecto proporciona visíveis tendências de moda e glamour.
Desde os primórdios da humanidade até os dias atuais, o uniforme passou por transformações, costumes, comportamentos, industrializou-se, aconteceu nas passarelas badaladas da Europa e Américas, e tornou-se quase ambíguo quando desconectado do sentido de coletivo, porém sem perder sua principal característica – a de uniformizar.
Na industrialização de roupas, a conexão entre moda e uniformização trouxe um aspecto particular em que o uniforme adquiriu grandes proporções, passa a ser denominado de “traje corporativo” – um mercado inovador que busca atitudes e comportamentos atuais dentro dos padrões vigentes de moda.
Por Roberto Rubbo
Professor de Moda do Senac FAU