
15/04/2015

O conceito de belo na estética grega
Por Eduardo Vilas Bôas
Professor de Moda do Senac SP
A etimologia da palavra “belo” vem do latim bellus, que significa “lindo, bonito, encantador”, muito usado na época clássica apenas para mulheres e crianças, enquanto para os homens tinha sentido pejorativo. O termo belo pode ter vindo também do indo-europeu DW-EYE e ter relação com bônus, de “bom”, e bene, de “bem”. Já falamos então da origem, mas e quanto ao conceito de belo?
O dicionário Houaiss da Língua Portuguesa define o belo como algo “que tem forma ou aparência agradável, perfeita, harmoniosa. Que desperta sentimentos de admiração, de grandeza, de nobreza, de prazer, de perfeição.”
O escritor Umberto Eco também aborda o conceito de belo. Na obra História da Beleza, ele observa que o “belo – junto com gracioso, bonito ou sublime, maravilhoso, soberbo e expressões similares – é um adjetivo que usamos frequentemente para indicar algo que nos agrada. Parece que, nesse sentido, aquilo que é belo é igual àquilo que é bom e, de fato, em diversas épocas históricas criou-se um laço estreito entre o Belo e o Bom.”
Vale lembrar ainda que a beleza é uma experiência (um processo cognitivo, mental ou ainda, espiritual) relacionada à percepção de elementos que agradam de forma singular aquele que a experimenta. As formas de beleza são inúmeras, e a ciência ainda tenta dar uma explicação para esse processo. Ao longo da história, a Estética, enquanto ramo da Filosofia, tentou várias vezes explicar o conceito de belo.
Para Platão, filósofo grego do século V a.C., o belo está ligado a uma essência universal e não depende de quem observa, pois está contido no próprio objeto, na criação. Platão acreditava ainda que tudo o que existe no mundo sensível é apenas uma cópia do que está no mundo inteligível.
Sócrates, um dos três principais pensadores da Grécia Antiga (470 a.C.), acreditava que o belo era uma concordância observada pelos olhos e ouvidos, ou seja, o belo é permissível através dos sentidos sensoriais. Na visão de Sócrates, “o belo é o útil”, ou seja, a beleza não está associada à aparência de um objeto, mas em quão proveitoso ele for.
Já Aristóteles, discípulo de Platão, possuía outro conceito de belo. Para ele, uma obra só poderia ser considerada bela se fosse capaz de promover a catarse em seus admiradores. Nessa concepção, a catarse nada mais é que do a purificação da alma e das ideias a partir de uma obra de arte e, por excelência, a catarse se dá na tragédia! Afinal, era por meio da tragédia que as pessoas refletiam sobre o que a obra mostrava, ao contrário da comédia, que apesar de divertida, não promovia uma reflexão.
O conceito de belo na Estética Grega está fundamentalmente pautado na concepção platônica/aristotélica de mundo e, para eles, a vida e a arte se fazem baseadas em equilíbrio, simetria, harmonia e proporcionalidade. E, até hoje, somos herdeiros dessa tradição, que se projetou no Renascimento, momento histórico no qual tais preceitos foram revisitados, e que permeia o aspecto racional do juízo de gosto que propagamos na moda ainda hoje.
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